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AVC custa ao Brasil mais de R$ 10 bilhões por ano em perda de produtividade

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) não é unicamente emergência médica – é também uma das maiores causas de prejuízo econômico no país. O estudo “Custos Evitáveis de Saúde por Trombólise em Acidentes Vasculares Cerebrais”, conduzido pela Firjan SESI, por meio do Centro de Inovação em Saúde Ocupacional (CIS- SO), revela que, só em 2023, o AVC foi responsável por 161,6 milhões de dias de trabalho perdidos — o que representa uma perda de produtividade de R$ 7,15 bilhões. O impacto econômico total naquele ano foi estimado em R$ 10,09 bilhões, considerando a soma das perdas salariais e de produção de bens e serviços.

“O AVC não é só um problema de saúde, é um problema econômico e social. O país perde força de trabalho, produtividade e recursos previdenciários. Enfrentar isso exige estrutura, diagnóstico rápido e políticas regionais mais equitativas”, destaca Leon Nascimento, coordenador do Centro de Inovação em Saúde Ocupacional da Firjan SESI e coordenador da pesquisa.
O levantamento foi feito com base em dados epidemiológicos e previdenciários, considerando o período de 2017 a 2023, último ano com dados públicos disponíveis. Para se ter uma ideia, as despesas hospitalares com casos de AVC ultrapassaram R$ 3 bilhões na série histórica. Foram registradas quase 1,68 milhão de internações (1.677.005) e 500 mil mortes (484.324) no intervalo de anos – o equivalente a 15,6 óbitos a cada 100 internações.
A conta para a Previdência

A carga sobre o sistema previdenciário é expressiva. Segundo a Firjan SESI, o custo médio anual é de R$ 2,74 bilhões em benefícios ligados ao AVC. Em dezembro de 2023, por exemplo, o INSS desembolsou R$ 228 milhões, apenas durante o mês, com pagamentos relacionados à doença.
Entre os novos benefícios concedidos entre 2017 e 2023, 69% foram auxílios-doença, 20% aposentadorias por invalidez. A maioria dos beneficiários (64%) tinha fonte de renda formal no momento da concessão, o que reforça o impacto sobre a economia ativa.
Desigualdade regional e estrutura de atendimento

As regiões Sudeste e Sul concentram o maior número de casos e de óbitos hospitalares, enquanto o Norte e o Nordeste apresentam as maiores taxas de letalidade, refletindo desigualdades no acesso a diagnóstico e tratamento.
A análise da Firjan SESI mostra uma relação direta entre a estrutura assistencial disponível e as chances de sobrevivência após um AVC. Locais com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais elevado tendem a apresentar melhores resultados clínicos. Já as áreas com menos profissionais especializados e menor oferta de equipamentos diagnósticos concentram os índices mais altos de morte por AVC. O estudo reforça que investir em infraestrutura e capacitação é uma estratégia eficaz para reduzir desigualdades regionais e custos ao sistema de saúde.
O preço em anos de vida e produtividade

O levantamento estima mais de 11 milhões de anos de vida perdidos entre brasileiros com 15 anos ou mais, em decorrência de óbitos por AVC – cálculo baseado em registros de 2023 e na tábua de vida do IBGE. Nos casos graves, acompanhados de sequelas cognitivas, a perda média chega a 18 anos de vida saudável. Além disso, a perda salarial e de produtividade tem efeito prolongado: profissionais afastados por AVC reduzem a capacidade de renda das famílias e a arrecadação de empresas e governos.

Tempo de resposta é fundamental para evitar sequelas
A ampliação da rede de atenção, o diagnóstico rápido e a priorização das regiões mais vulneráveis são medidas que podem reduzir mortes, incapacidades e perdas financeiras. “Cada minuto conta — o tempo de resposta define o desfecho do paciente e o tamanho do prejuízo econômico”, reforça Nascimento. Para o pesquisador, o enfrentamento ao AVC precisa estar no centro das estratégias de saúde pública e econômica. “Investir em prevenção e tratamento precoce é política de saúde, mas também de desenvolvimento. Cada vida salva representa anos de produtividade e dignidade preservados”, conclui.
Principais números do estudo (Firjan SESI – 2017 a 2023):

  • 1,68 milhão (1.677.005) de internações por AVC
  • 484,3 (484.324) mil óbitos
  • 15,6 óbitos a cada 100 internações
  • R$ 3 bilhões em despesas hospitalares diretas
  • R$ 10,09 bilhões (R$ 10.085.846.267,93) em perdas de produtividade (2023)
  • R$ 2,74 bilhões/ano (R$ 2.741.641.518,24) em benefícios previdenciários
  • 161,6 milhões (161.658.795) de dias de trabalho perdidos (2023)
  • 11 milhões (11.008.640,51) de anos de vida perdidos

Sobre o estudo

Custos Evitáveis de Saúde por Trombólise em Acidentes Vasculares Cerebrais – Saúde Ocupacional
Realização: Firjan SESI, por meio dos Centro de Inovação em Saúde Ocupacional (CIS – SO)
Metodologia: Análise estatística descritiva e exploratória sobre dados epidemiológicos e previdenciários de janeiro de 2017 a dezembro de 2023.

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