Bolsonarista Romeu Zema não quer pagar pensão à filha de jovem assassinada

Do site The Intercept:

Quanto vale a vida de uma jovem mãe trabalhadora? Para o governo de Romeu Zema, nem um salário mínimo por mês.

Para entender essa história, precisamos voltar alguns meses no tempo.

Em dezembro de 2024, Thainara Vitória foi levada de casa durante uma operação da PM na periferia de Governador Valadares. A jovem de 18 anos entrou viva na viatura e, horas depois, chegou morta a uma unidade de saúde.

A versão dos 21 policiais envolvidos na abordagem é de que ela teria passado mal. Mas o Intercept Brasil revelou laudos da perícia que desmentem essa versão, e atestam: ela morreu por estrangulamento e tinha sinais claros de espancamento.

Depois da publicação da reportagem, a Justiça de Minas Gerais reconheceu a dívida do Estado com a família e determinou o pagamento de uma pensão à filhinha da jovem, que tinha apenas 4 anos quando ficou órfã.

Mas o governo de Romeu Zema tentou impedir esse direito, recorrendo até o fim para evitar pagar um salário mínimo por mês à criança. Perdeu. Mas ainda assim, até agora, a família não recebeu um centavo sequer.

Mais uma vez, o Estado silencia. Mais uma vez, a impunidade ameaça triunfar.

Não vamos permitir que isso aconteça: publicamos uma nova reportagem expondo essa situação absurda e, adivinha? O impacto foi imediato.

No mesmo dia, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia convocou o advogado-geral do estado para dar explicações sobre o descumprimento da ordem judicial. A Anistia Internacional e o Ministério da Justiça também já foram acionados.

(…)

Desde que Thainara Vitória foi morta sob custódia da Polícia Militar o medo passou a fazer parte do dia-a-dia de sua família. Infelizmente, a questão da pensão é só o início de uma série de absurdos cometidos contra eles.

Continuamos acompanhando o caso e descobrimos que os policiais envolvidos na abordagem seguem livres e atuando normalmente, mesmo com a perícia desmentindo suas versões. Voltamos a questionar a PM sobre a situação desses agentes e não tivemos respostas.

Também não nos deram nenhum prazo para a conclusão da investigação sobre o que aconteceu com Thainara dentro daquela viatura. A resposta da Polícia Civil é sempre a mesma: “o inquérito está em fase final de conclusão”.

E a impunidade não para por aí: após a morte da jovem, a família relatou abordagens ilegais, intimidações e até invasões de PMs no apartamento em que ela morava com sua mãe. Com medo, dona Jucileia precisou mudar de cidade com uma neta pequena para criar.

Como se não fosse o bastante, a inquilina que alugou o imóvel da família relatou outra invasão sem mandato no apartamento e disse também que foi agredida e teve seus bens revirados por policiais. Por isso, também deixou o local.

Agora, sem a pensão que deveria estar sendo paga pelo Estado, sem a renda ganha com o aluguel do imóvel e lutando para superar o trauma da perda de Thainara, sua família tenta recomeçar a vida e lutar por justiça em uma cidade completamente nova.

A violência do Estado contra a juventude negra e periférica não é exceção — é regra. Enquanto houver silêncio, há espaço para impunidade, mas onde há um jornalismo comprometido com o interesse público, o jogo muda.

 

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