O deputado bolsonarista Sargento Reginauro (União), militante da extrema-direita do grupo liderado pelo senador Luís Eduardo Girão (Novo), atacou frontal e acidamente a Imprensa e os jornalistas cearenses, criticando o que, segundo ele, foi uma “fake news” divulgada nos meios de comunicação locais sobre uma suposta votação de aumento de salário que os deputados estaduais teriam aprovado na sessão anterior. Como Reginauro fez o ataque no expediente do plenário da Assembleia, não deu direito à contestação a nenhum profissional ou nenhuma empresa.
A notícia falsa, no entanto, havia sido espalhada por colegas bolsominions de Reginauro: Carmelo Neto, André Fernandes e Bella Carmelo.
A seguir, informações da Agência de notícias da Assembleia Legislativa do Ceará:
Em discurso direcionado, primeiro à imprensa que cobre as atividades da Casa, o parlamentar negou veementemente que tal votação tenha ocorrido. “Participei da sessão e não houve votação de aumento salarial, mas essa notícia já estava circulando, primeiro em grupos de WhatsApp, e depois estampada em veículos de comunicação do Estado”, afirmou.
O parlamentar lamentou o que classificou como falta de rigor na apuração da informação. “Respeito a imprensa e a profissão de jornalista, não me nego a participar de nenhum tipo de debate e não me constranjo diante de nenhuma pergunta feita pela imprensa. Mas não posso me calar, silenciar, quando fazem “fake news” utilizando nossa imagem para sensacionalismo, atrair atenção e ganhar curtidas e likes. Será que os mesmos veículos que divulgaram isso com tanto destaque vão corrigir a matéria para que chegue a toda a população que recebeu a mensagem falsa ontem?”, questionou.
Destacando sua perplexidade com a polêmica gerada, o deputado esclareceu que o reajuste salarial dos parlamentares estaduais foi deliberado em 26 de dezembro de 2022, por meio de um ato da Mesa Diretora, com previsões específicas para os anos seguintes. “Se alguém tivesse lido com atenção a mensagem original, teria percebido que os reajustes já estavam determinados: o primeiro, a partir de 1º de janeiro de 2023; o segundo, a partir de 1º de abril de 2023; o terceiro, em fevereiro de 2024; e o último, em fevereiro de 2025. Tudo isso já estava aprovado desde 2022, e isso consta no texto”, esclareceu.
Segundo o deputado, a única alteração presente é a inclusão do termo “subsídio”, estabelecendo o que já está previsto na legislação federal: o limite de até 75% do salário de um deputado federal. “Apenas isso. A previsão do reajuste salarial dos deputados em 2025 foi aprovada em dezembro de 2022”, reforçou.
O parlamentar também dirigiu críticas a colegas deputados que, segundo ele, usaram a informação equivocada como ferramenta política. “Minha outra surpresa é um colega deputado que, estando nesta Casa, registra um voto contrário a algo completamente absurdo. Porque esse texto está corrigindo, do ponto de vista técnico-legislativo, algo necessário. O deputado está sem assessoria?”, questionou, citando nominalmente o deputado Carmelo Neto (PL). “Registra o voto contrário, vai para as redes sociais e se torna o gatilho da ‘fake news’, dizendo que votou contra o aumento dos deputados”, criticou.
Para Reginauro, o deputado Carmelo Neto quis desviar a atenção de si mesmo. “Ele virou alvo de ataques essa semana porque não teve coragem de registrar seu voto e se ausentou da eleição da Mesa Diretora desta Casa. Se ausentou e estava sendo atacado pelo seu próprio grupo político, liderado pelo deputado federal André Fernandes”, destacou.
O deputado acrescentou que, além de Carmelo Neto, a vereadora eleita de Fortaleza, Bella Carmelo, e o deputado federal André Fernandes (PL) também repercutiram a falsa notícia nas redes sociais com o intuito de gerar engajamento político. “É a cultura do ‘quanto mais like, melhor’. Não consigo fazer política desse jeito. Tenho posições firmes, mas sempre com coragem para assumi-las. Não fico me escondendo para evitar desgaste”, sublinhou.
Em aparte, o deputado Renato Roseno (Psol) esclareceu que não houve reajuste salarial para parlamentares, explicando que o subsídio dos deputados estaduais, fixado no artigo 27 da Constituição Federal, está limitado a 75% do valor pago aos deputados federais e segue norma pré-definida, e lembrando não ser permitido aumento dentro da mesma legislatura. Ele criticou a disseminação de informações falsas para gerar polêmica.
O deputado Júlio César Filho (PT) repudiou a fala de Carmelo Neto, no que classificou de desonestidade intelectual e uso de “fake news” para autopromoção. Cláudio Pinho (PDT) lamentou que o deputado Sargento Reginauro tivesse que ir à tribuna esclarecer os fatos devido a interpretações equivocadas da imprensa e à má-fé de alguns parlamentares. Anunciou que apresentará uma emenda ao projeto, exigindo que cada deputado preencha um formulário para declarar se deseja receber o reajuste total ou parcial, reforçando a transparência. Além disso, sugeriu que parlamentares que não precisem do salário renunciem a ele ou o doem a instituições filantrópicas necessitadas.
Felipe Mota (União) e Missias Dias (PT) reforçaram a necessidade de respeito à Alece e exigiram que Carmelo Neto e outros envolvidos retirem as postagens falsas. Por sua vez, Lucinildo Frota criticou o comportamento de “lacração” de Carmelo e sugeriu que os parlamentares contrários ao reajuste devolvam o salário ou destinem-no a ações sociais. Por fim, o deputado Antônio Henrique (PDT) enfatizou a importância de a população acompanhar o trabalho de seus representantes.