Da Rede Lado, que agrega operadores da Justiça Trabalhista:
Os pedidos de demissão bateram recorde no mercado formal do Brasil em 2023: foram 7,4 milhões de pessoas pedindo as contas, quase 2 milhões a mais do que no último período de alta mobilidade, em 2010. Mas nem só por melhores salários estes trabalhadores e trabalhadoras estão procurando; questões como reconhecimento, menos estresse e bom relacionamento com a chefia pesam na hora da decisão, segundo dados da sondagem “Os Motivos dos Desligamentos a Pedido”, realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Em 2024, a tendência é de que os números continuem altos, pois o segundo semestre recém começou e os resultados de 2010, quando 4,6 milhões pediram demissão no país, já foram ultrapassados. De acordo com o levantamento do MTE, ainda que os baixos salários sejam a principal razão pela qual é solicitado o desligamento (32,5%); entre as outras motivações apresentadas estão a garantia de outro emprego em vista (36,5%), falta de reconhecimento no trabalho atual (24,7%), problemas éticos com a forma de trabalho da empresa (24,5%), problemas com a chefia imediata (16,2%) e falta de flexibilidade na jornada (15,7%).
O levantamento inédito do MTE foi feito por meio do aplicativo da carteira de trabalho digital e contou com a participação de 53.692 trabalhadores que pediram o desligamento entre novembro de 2023 e abril de 2024. Os resultados mostram que as mulheres sofrem mais com problemas relacionados à chefia imediata e flexibilidade na jornada, além de serem as principais vítimas de adoecimento mental provocado pelo estresse do trabalho. “Como esperado, mulheres mencionam mais o cuidado com crianças e outros membros da família (13%) em comparação a homens (6%)”, explica Paula Montagner, subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho do Ministério, que conduziu o levantamento.