Por Roberto Maciel, jornalista:
Adversários de Ciro Gomes e de Tasso Jereissati (PSDB) podem encontrar neles um vasto repertório de defeitos. Normal. É exatamente isso o que adversários fazem. A política é desse jeito mesmo: separa o joio do trigo e joga o trigo fora. No entanto, ninguém pode dizer que Ciro e Tasso são idiotas. Podem-se questionar o estofo político, os conteúdos, as abordagens, os arroubos, os episódios de desequilíbrio, a veracidade de histórias que contam e até o comportamento pessoal que têm. Mas não se deve duvidar da inteligência do ex-ministro de Lula e do ex-senador, ambos ex-governadores do Ceará e com ambições renovadas, agora travestidos de direitistas. Acho que não.
Refleti sobre isso ao ler em redes sociais que o deputado André Fernandes (PL), ascendido a chefe da direita no Ceará, promoveu na Câmara federal um minuto de aplausos pela morte de “100 criminosos” no massacre do Rio de Janeiro. Esforcei-me bastante e não consegui imaginar Ciro e Tasso, feito bobalhões, batendo palminhas, acompanhados por um bando de desmiolados, para uma chacina.
Suponhamos que um, só um, entre os corpos esticados e exibidos pela volante do cristão Cláudio Cunha fosse de uma pessoa inocente, vítima de um tiroteio do qual não participou. André Fernandes aplaudiu, junto com outros da mesma formação e do mesmo caráter dele, a morte de um inocente. Suponhamos que todos, sem exceção, fossem bandidos – como a Câmara dos Deputados vai dizer à mãe e aos filhos do delinquente que apoiou o assassinato efusivamente? O que dizer para as famílias do rapaz que teve a cabeça cortada e dos que foram eliminados com facadas na nuca?
E como convencer cariocas e demais fluminenses, apavorados com a carnificina, encurralados em casa e sem poder sair para trabalhar ou estudar, que aquilo lá foi “um sucesso”, como disse o governador-chefe da violência?
E como convencer empresários que perderam receita e o potencial de negócios frente aos fuzis de traficantes e policiais? E como explicar para o cidadão e a cidadã que não se tem política nenhuma de segurança naquele estado?
É só bater palmas?
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Conflitos são assim mesmo: há derrotados e vitoriosos. Há também danos colaterais quando a força é o recurso empregado para solucionar demandas. A lei, contudo, precisa estar acima e além da barbárie.
Ciro Gomes e Tasso Jereissati, aposto, mesmo sendo agora neobolsonaristas, não aplaudirão a chacina. Podem até achar que se omitir seja um caminho seguro a seguir, o que não é nem de longe, mas duvido muito que desçam ao nível de um André Fernandes.
 
															
 
															 
								 
															 
															 
															
 
								 
								 
								 
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