Correios lançam série de selos homenageando sete cientistas pioneiras no Brasil

Os Correios estão lançando série de selos que celebra, ao mesmo tempo, sete mulheres pioneiras das ciências brasileiras. A Emissão Postal Especial Mulheres Pioneiras das Ciências Brasileiras, que entrou em circulação no último dia 24 de novembro, Dia Mundial da Ciência, retrata as cientistas Bertha Lutz, Carolina Bori, Enedina Alves Marques, Graziela Barroso, Marcia Barbosa, Maria Deane e Sonia Guimarães. Nesta quarta-feira (18), ocorre o lançamento do selo que estampa a primeira engenheira mulher e negra do Brasil, Enedina Alves Marques.
A emissão é composta por sete selos que seguem a mesma identidade visual: o rosto de cada cientista emoldurado pelo “espelho de Vênus”, ícone que simboliza o gênero feminino. Seus nomes aparecem em destaque, dispostos em diferentes planos entre os demais elementos gráficos, se sobrepondo entre si, como se cada selo fosse um pequeno pôster. Impulsionando a força feminina em terrenos anteriormente ocupados por homens, o fundo é composto por uma retícula inspirada também no símbolo da mulher. Por fim, para representar parte das conquistas de cada cientista, foram usadas imagens relacionadas às suas obras. Com arte de José Carlos Braga, em todos os selos, as técnicas usadas foram ilustração com grafite, ilustração vetorial e pintura digital. Cada um deles tem tiragem de 96 mil selos – cada folha contém 12 – e o valor facial é de 1º porte de carta. Eles estarão disponíveis na loja online e por meio de encomenda nas agências dos Correios.
Selo Enedina Alves Marques – A cor predominante é azul, e há um mapa fluvial do Reservatório Capivari-Cachoeira, o projeto do reservatório e um diagrama simplificado de um gerador hidrelétrico. As técnicas usadas foram ilustração com grafite, ilustração vetorial e pintura digital.
Nascida em Curitiba, em 1913, Enedina Alves Marques desafiou as barreiras sociais e raciais de sua época para se tornar a primeira engenheira negra do Brasil. Formada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1945, sua trajetória é um marco na história da educação e da engenharia no País. Em uma época em que as mulheres, especialmente as negras, tinham suas oportunidades educacionais severamente limitadas, ela demonstrou uma determinação inabalável. Ao longo de seu curso, Enedina enfrentou inúmeros desafios. Era a única mulher negra em uma turma predominantemente masculina e branca, e seu caminho foi marcado por preconceitos e discriminações. Trabalhou em diversos projetos importantes no Paraná, deixando um legado significativo na infraestrutura do estado. Enedina faleceu em 1981, mas sua memória e legado continuam vivos.
Selo Bertha Lutz– A cor predominante é laranja, e há ilustrações de dois anfíbios inspirados na capa da publicação Brazilian Species of Hyla, de sua autoria.
Filha do cientista Adolpho Lutz e da enfermeira inglesa Amy Fowler, Bertha Lutz nasceu em São Paulo, em 1894. Estudou na França durante a Primeira Guerra Mundial e formou-se em Ciências Naturais na Sorbonne. De volta ao Brasil, morou no Rio de Janeiro. Influenciada pelo movimento sufragista, Lutz começou a escrever para a imprensa carioca artigos que discutiam a situação da mulher e a necessidade de um movimento organizado que lutasse por seus direitos. Foi a segunda mulher a ser admitida em concurso público no País, em 1918, para o cargo de “secretário” do Museu Nacional, onde trabalhou por toda a vida. Chamada a integrar a delegação brasileira para a Conferência de São Francisco, criadora da Organização das Nações Unidas, a brasileira foi uma das quatro mulheres do mundo a assinar a Carta da ONU, num universo de 160 homens. Morreu em 1976, no asilo da Tijuca, aos 82 anos.
Selo Carolina Bori – A cor predominante é roxo, e o símbolo da psicologia, a letra grega Psi, está no centro entre dois ícones da mente humana, ora conturbada, ora em equilíbrio.
Nascida em São Paulo em 4 de janeiro de 1924, este ano celebra-se o centenário de nascimento de Carolina Martuscelli Bori. Uma pioneira da ciência e da política científica, que introduziu no Brasil a Análise Experimental do Comportamento, em uma época em que a psicologia era ainda um campo de estudo novo e pouco explorado no País. Foi também a primeira mulher a presidir a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Sua atuação política foi desde a defesa da regulamentação da profissão de psicólogo e o estabelecimento do primeiro currículo mínimo para a formação de psicólogos no País, até a mobilização da comunidade científica para a elaboração de propostas para a nova Constituição Federal de 1988. Faleceu aos 80 anos, em 4 de outubro de 2004, na mesma cidade em que nasceu.
Selo Graziela Barroso – A cor predominante é verde, e há ilustrações de elementos botânicos, objetos de sua pesquisa, e dentre eles a espécie Dorstenia grazielae.
Graziela Maciel Barroso, natural de Corumbá (MS), nasceu em 11 de abril de 1912. Contrariando as convenções de gênero, próprias da época, Graziela concorreu em 1946 a uma vaga em concurso público para o cargo de naturalista no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, sendo, nesta instituição, a primeira mulher aprovada por concurso. A partir de então passou a exercer as suas atividades profissionais na área da Sistemática Vegetal, principalmente na linha de Taxonomia, que objetiva a identificação científica de plantas, e em Morfologia. Graziela só se afastou da sua instituição Jardim Botânico do Rio de Janeiro quando aceitou o convite para integrar o grupo de professores que fundou departamentos e institutos da Universidade de Brasília (UnB). Ao longo dos anos marcados pela ditadura militar, Graziela aliou-se à luta de alunos e professores em defesa das liberdades democráticas na universidade e no País. Pouco antes de morrer em 2003 foi eleita para a Academia Brasileira de Ciências, mas a condecoração foi post-mortem.
Selo Marcia Barbosa – A cor predominante é azul, e há elementos como a molécula da água, e imagens esquemáticas e fórmulas de suas publicações científicas.
Marcia Cristina Bernardes Barbosa é uma das mais reconhecidas pesquisadoras brasileiras da atualidade. Nasceu no Rio de Janeiro em 1960, tendo se transferido para o Rio Grande do Sul com quatro anos de idade. Em 1978, ingressou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – uma universidade pública do sul do Brasil, como estudante de Física. Ela era uma das oito mulheres entre os 80 novos alunos do curso de Física e uma das poucas alunas provenientes de uma escola pública. Suas funções de liderança, como diretora do Instituto de Física da UFRGS, como diretora da Academia Brasileira de Ciências e posteriormente como secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação ressaltam sua capacidade de liderar e moldar a direção das instituições científicas. As contribuições multidimensionais de Marcia, que vão desde a investigação científica até a capacidade de liderança, exemplificam o poder transformador da colaboração interdisciplinar e da dedicação ao impacto social.
Selo Maria Deane – A cor predominante é amarelo, e há ilustrações do inseto “barbeiro”, transmissor do protozoário Trypanosoma cruzi, e do protozoário Plasmodium, causador da Leishmaniose visceral.
Maria José von Paumgartten Deane nasceu em 24 de julho de 1916, na cidade de Belém, estado do Pará. Em 1937, graduou-se pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará. Foi durante a realização do curso médico que Maria Deane deu início à sua trajetória no campo da pesquisa científica, quando atuou como assistente da Comissão Encarregada dos Estudos da Leishmaniose Visceral Americana e, posteriormente, do Serviço de Estudos das Grandes Endemias. Em 1980, Maria Deane e o marido, o também pesquisador Leônidas de Mello Deane ingressaram na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ao longo de seus 58 anos de carreira publicou mais de 150 artigos científicos em periódicos nacionais e estrangeiros, que contribuíram significativamente para o conhecimento dos vetores, hospedeiros e mecanismos de transmissão de várias doenças. Maria Deane morreu em 13 de agosto de 1995, aos 79 anos, no Rio de Janeiro.
Selo Sonia Guimarães – A cor predominante é rosa, e há gráficos e a aplicação de uma de suas conquistas: o desenvolvimento e patente de sensores de infravermelho para guiar até seu alvo os mísseis desenvolvidos pelo ITA.
Cientista não pode ser mulher, e ainda, negra? A física Sonia Guimarães é exemplo de como essas duas qualidades podem garantir brilhantismo na carreira científica, apesar do preconceito que ainda existe num País forjado pela escravidão do povo africano, cujas feridas até hoje não cicatrizaram. Nascida em São Paulo, em 1956, ela começou a escrever aos 4 anos de idade. E, segundo a sua avó, ela era muito xereta, o que para Sonia é a base da ciência. E sua família a incentivou muito nos estudos, o que lhe rendeu as primeiras barreiras que teve que enfrentar na vida estudantil. Presidente da Comissão de Justiça, Equidade, Diversidade e Inclusão (JEDI) da Sociedade Brasileira de Física (SBF), Sonia tem dedicado sua vida à pesquisa, que lhe rendeu uma patente da técnica de fabricação de um sensor usado na ponta de mísseis balísticos, e no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), no cargo de Professor Associado II.

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