Por Roberto Maciel, jornalista:
Tive sempre a convicção de que Dia dos Pais deveria ser Dia dos Pais e dos Filhos e Filhas. Vale o mesmo para o Dia das Mães. Escrevi sobre isso no preâmbulo de post que publiquei (e republiquei, como o leitor verá mais abaixo) faz pouquinho tempo.
É importante que se reconheçam relacionamentos assim como construções parceiras, trocas, vidas crescentes e lições e responsabilidades compartilhadas. De lado a lado. Daí que, em minha compreensão, não se trata apenas de um momento para saudar um agente desse diálogo constante.
Entristece-me muito ver e ouvir histórias trágicas – saber, por exemplo, que ladrões estão planejando neste momento tomar terras, casas e memórias de todas as famílias que moram em Gaza. Têm aplausos e apoio material de cúmplices de um genocídio iniciado há décadas e admitido pelo mundo sem nada que se pareça com punição efetiva, sanção ou represália.
Entristece-me também saber que quatro rapazes, sendo dois vereadores, um deputado federal e um senador, têm de ver o pai em prisão domiciliar e com uma tornozeleira eletrônica agarrada à perna inchada de erisipela. Em vez de curtir o velho com boas lembranças, esse quarteto, moldado conforme a desqualificação moral e a desonestidade do pai, se torna cúmplice de crimes contra a humanidade e a Democracia.
Mas o que mais me deixa triste e abatido é acompanhar um séquito manipulado, tornado idiota por desinformação, ganância e preconceitos, se postar alegremente ao lado de criminosos avisando que acredita neles, que está com eles, que é capaz de dar um golpe de estado por eles. É a incapacidade de esses fantoches pensar e dizer qualquer coisa razoável.
Terei sempre a convicção de que Dia dos Pais deveria ser Dia dos Pais e dos Filhos e Filhas – isso é consequência do que vivi e aprendi. E, por isso, tenho e terei sempre a certeza de que Dia dos Pais e dos Filhos e Filhas com tornozeleira eletrônica e prisão domiciliar é o fim da picada: nem todos merecem, mas os que merecem, merecem.