Donos de supermercados querem contratar jovens e pagar por hora trabalhada; exploração e ilegalidade são denunciadas pelos empregados

Da Rede Lado, formada por trabalhadores e operadores da área trabalhista da Justiça:

A proposta da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) de ofertar vagas de emprego para jovens com pagamentos por hora, o chamado trabalho intermitente, sem salário fixo, foi alvo de críticas do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT (Contracs), Julimar Roberto de Oliveira Nonato, para quem a proposta precariza a relação de trabalho e faz com que seja ainda mais difícil conseguir pessoas para trabalhar.

“As pessoas não querem trabalhar nos finais de semana e feriados, estão cansadas de serem exploradas. Os jovens, principalmente, preferem empregos em outras áreas como, por exemplo, na indústria e, às vezes, até com um salário menor, mas elas têm folgas aos finais de semana e feriados”, diz. A proposta é de que o valor do salário dos trabalhadores variaria de acordo com o número de horas trabalhadas.

Para o presidente da Abras, João Galassi, a modalidade traz mais liberdade de escolha ao trabalhador. “O que é melhor? Seis por um, quatro por três, cinco por dois? Nenhuma dessas alternativas. O que é melhor para os nossos colaboradores é a liberdade de poder escolher sua jornada de trabalho. Isso só será possível se tiver a liberdade de ser contratado por hora”, opinou.

Atualmente, o setor enfrenta dificuldade em atrair pessoas interessadas nas cerca de 357 mil vagas abertas de trabalho. No entanto, para Nonato, o problema está nos salários baixos e na jornada extenuante de 6×1. “Pagar melhor e reduzir a jornada eles não querem”, critica. De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 76% dos vínculos intermitentes de trabalho em 2023 tiveram remuneração mensal inferior ao salário mínimo ou não tiveram remuneração. A remuneração mensal média dos intermitentes foi de 762 reais, ou seja, 58% do salário mínimo na época, que era de 1.320 reais. Por outro lado, o setor supermercadista, desde a pandemia, é o que mais lucrou e o que mais explora, segundo Nonato.

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