Por Roberto Maciel, jornalista, editor do portal InvestNE:
– Dr. Moro, posso fazer uma brincadeira?
– Eu perguntaria aos seus advogados…
– O senhor quer ser meu vice em 2018? Ou meu ministro?
Não consigo me defazer dessa imaginária e ridícula cena: o então ex-presidente Lula, vítima de um lawfare nunca visto mesmo em dimensões planetárias, convidando o verdugo Sérgio Moro, então juiz mancomunado com procuradores desonestos, empresários gananciosos, políticos ambiciosos e meios de comunicação avessos a conceitos éticos a um acordo. É só ficção de péssimo gosto, claro, mas não sou obrigado a imaginar sozinho e por isso compartilho aqui.
O que teria explodido se Lula tivesse se rebaixado a uma idiotice dessas? Seria chamado de traidor pelos que o apoiavam? De canalha? De pilantra? De chefe de milícia? De corruptor de magistrados? De propineiro? De covarde?
Talvez ficasse difícil para os opositores, todos interessados em cortar o pescoço de Lula e exterminá-lo da vida política, afastando-o definitivamente do contato com o povo, escolher maneira mais eficiente de xingá-lo. A legião de admiradores de Lula certamente não iria perdoá-lo por vê-lo baixando as calças de modo tão deprimente.
Talvez Sérgio Moro, conhecido no submundo da Lava-Jato como “Russo”, o colocasse imediatamente atrás das grades por desacato a autoridade. Sem nem pedir escusas. A coisa ficaria ruça para Lula.
O certo é que, por caráter, responsabilidade e compromisso com a Justiça, a Democracia e a História, Lula sequer cogitou em fazer graça com juiz nenhum. Longe disso, chegou a ser achincalhado por uma magistrada relacionada a Moro et caterva. Era parte do script.
E é certo também que Jair Bolsonaro, pelo caráter arruinado que tem, irresponsabilidade e falta de compromisso com a Justiça, a Democracia e a História, além do deboche típico dos que zombam da lei, fez isso com o ministro Alexandre de Moraes. Contra o ministro e contra o tribunal.
Alexandre errou: deveria ter, naquele momento, determinado a prisão de Bolsonaro por desrespeito. Desacato, pura e simplesmente. Seria só mais um episódio na vida de quem se dedicou a delinquir e até cometer genocídio. Errou, sim, o Alexandre, mas há tempo de sobra para reparar o lapso.