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Eu sei quem é Ciro Gomes; e sei que você também sabe

Por Roberto Maciel, jornalista:

Não gosto de escrever na primeira pessoa do singular. Nunca gostei. Sinto-me desconfortável. Não sei se por modéstia, por timidez ou por pruridos ideológicos ou profissionais. Ou se por repulsa ao cabotinismo – o qual considero uma das tendências mais deselegantes que um jornalista pode ter.

Aprendi nos bancos da faculdade, orientado por professores como Adísia Sá, Faria Guilherme, Gilmar de Carvalho, Luís Campos, Silas de Paula e Teobaldo Landim, entre os muitos que me deram a honra de me acompanhar na Universidade Federal do Ceará, que repórter é o narrador, é quem conta a história. E que precisa estar um tanto distante para apurar e expor os fatos com mais apuro e precisão.

Pronto, já discorri o suficiente sobre o que não queria nem deveria. Desculpo-me comigo e com vocês, portanto, apesar de certo de que fiz o que devia.

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O que quero escrever mesmo é que sei quem é Ciro Gomes, alçado agora a destaque no noticiário nacional só porque voltou a ser filiado ao PSDB e se aconchegou assim, de forma irrecorrível e indisfarçável, à direita tacanha e bizarra que ameaça a Democracia brasileira.

Desde 1984, estagiário da hoje extinta Rádio Iracema de Fortaleza, acompanho a movimentação dele e de outros personagens na cena política local, ora com mais intensidade, ora com menor interesse. Pude ver e ler muito sobre essa versão cearense – embora tenha nascido em São Paulo – de Fernando Collor de Melo e de Jair Bolsonaro: boquirroto, falastrão, misógino, ríspido, ameaçador, metido a valentão e incapaz de se integrar a um grupo de reflexões, sejam políticas ou econômicas, a não ser como líder.

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Repare nas frases:

“Não nasci com medo de assombração, não tenho medo de cara feia. Isso o meu pai já me dizia desde pequeno, que havia nascido com aquilo roxo, e tenho mesmo, para enfrentar todos aqueles que querem conspirar contra o processo democrático”. (Fernando Collor, 1991)

“Eu tenho três alternativas para o meu futuro: estar preso, estar morto ou a vitória. Pode ter certeza que a primeira alternativa não existe. Estou fazendo a coisa certa e não devo nada a ninguém. Sempre onde o povo esteve, eu estive”. (Jair Bolsonaro, 2021).

“Pelo Brasil eu morro, mas pelo Ceará eu mato” (Ciro Gomes, 2025)

 

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Todas as declarações, nos devidos contextos, são o que se pode chamar de “marrentas”, “bafo de boca” ou “esporro”.

Sobre a de Collor, observe-se que hoje, condenado e cumprindo pena de oito anos e 10 meses de prisão, aos 76 anos de idade, já não deve ter o saco escrotal citado anos atrás com a mesma tonalidade – deve tê-lo, sim, flácido como são as atuais imagens política e empresarial daquele que, além de sócio e cúmplice do mafioso PC Farias, quis se notabilizar como “caçador de marajás”.

De Bolsonaro, sabe-se que, como o psicopata mais famoso dos Estados Unidos, que ao ser julgado quis fazer piada e pediu uma testemunha em casamento, também tentou parecer simpático e superior. Bolsonaro, à moda Ted Bundy, convidou o ministro Alexandre de Moraes para ser vice dele em 2026. Está preso agora. Ostenta uma humilhante tornozeleira eletrônica. O ex-capitão, ex-vereador, ex-deputado e ex-presidente incompetente a cada semana se vê mais atolado pela Justiça em decisões que punem a agressão que tentou contra a Democracia no golpe de 8 de janeiro de 2023.

E a respeito da frase de Ciro, por fim, note-se que ele nunca “morreu” pelo Brasil nem “matou” pelo Ceará – na verdade, integra, como a dos Bolsonaros, uma família que a vida toda se sustentou em cargos públicos.

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Voltando aqui à indesejada primeira pessoa do singular: sim, eu sei quem é Ciro Gomes. E creio que vocês, leitoras e leitores, puxando um pouquinho pela memória, também sabem.

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