Artigo do médico Mário Mamede Filho, ex-deputado estadual e ex-vereador de Fortaleza (PT), ex-presidente do Instituto Dr. José Frota (IJF) e ex-superintendente do Instituto de Previdência do Município (IPM) – o texto foi publicado originalmente no blog do jornalista Eliomar de Lima:
O Instituto de Previdência do Município (IPM) e os que lá trabalham precisam ser tratados com respeito, com dignidade.
No dia 10 recente, sexta feira, recebi telefonemas de companheiros e companheiras desta importante instituição, pedindo-me que procurasse falar com o pessoal do PT que assumiu a PMF para tentar sustar um processo de demissão de terceirizados em larga escala.
Não o farei. Tentar saídas individuais para salvar a pele de uns e deixar outros ao abandono é um equivoco. Ou melhor, uma postura de conivência que não é compatível com os princípios éticos que norteiam minha práxi política e pessoal. Prefiro tratar publicamente deste assunto tão lamentável , tão desagradável.
Vamos ao cerne dos acontecimentos. O comunicado dos abruptos cortes foi feito às chefias dos diversos setores por auxiliares diretos da recém-nomeada superintendente, sem que tenham ficado claros os critérios ou motivações para uma medida tão dura em desfavor de um grande número de terceirizados. A dureza da medida atingiu inclusive pessoas qualificadas, com conhecimentos e expertise nas suas áreas de atuação, companheiros e companheiras que lá estavam há 10, 15 anos de desempenho elogiável.
Nenhuma explicação, pelo menos uma justificativa qualquer, um mínimo de respeito aos que estavam sendo afastados. Apenas a determinação para que tirassesm suas coisas das salas, limpassem as gavetas e saíssem de imediato do IPM, pois não mais necessitavam dos seus serviços. Afirmaram ainda que não mais retornassem à repartição, pois não tinham nada para fazer lá. Algumas dessas pessoas estavam numa expectativa de cumprir, em muito breve, tempo para obterem o sagrado direito da aposentadoria. Muito pouco, às vezes dois anos.
Como fui superintendente do IPM (2007-2012 ), sei o quanto medidas autoritárias e sem qualquer respeito aos profissionais são prejudiciais não só para a suas vidas e de suas famílias, mas para a instituição e para a sociedade.
Como pode funcionar o departamento jurídico com apenas uma servidora e, ainda mais, no curso de uma gravidez? E o setor de transporte que dispõe, a partir dessa medida, com apenas um motorista? E por aí vai….
Dra. Superintendente, quando se chega numa organização é prudente e sábio usar as sandálias da humildade, ter postura dialogal e, pelo menos, um leve sorriso nos lábios. É uma boa prática se apresentar e conhecer os que ali trabalham, e, sempre que possível, tratar pelos seus nomes. É um grave erro chegar de salto alto e, do alto da prepotência, usar da força bruta para se impor e ficar temida.
Aqueles com quem vamos trabalhar por toda uma gestão (pelo menos numa expectativa de quatro anos ou um tempo mais largo ), formam um tipo de família funcional e devem amar o seu dirigente. Impor medo não é uma boa prática. Por ser curioso e cauteloso, fui nas redes sociais para encontrar a senhora. Sem muita surpresa, vi os ídolos que têm como referência política e ideológica. Fique com dó do IPM.
Sou petista desde 1986 e contribuí muito para a construção do meu partido. Quero e penso ser uma obrigação minha continuar contribuindo, oferecendo, sempre que possa, com alguma sugestão interessante. Também sinto-me no direito e no dever de criticar o que entendo como práticas e atos que ferem os princípios norteadores da nossa ação política. Quero acreditar que o Evandro Leitão deseja, sinceramente, fazer uma boa gestão, mas estou certo de que, em relação ao IPM, o prefeito não fez uma boa escolha.