Maurício Einhorn e a arte de não se conformar

Por Roberto Maciel, editor do portal InvestNE:

Fui ontem ao show do gaitista Maurício Einhorn no Centro Cultural do BNB em Fortaleza. Você pode até perguntar: “e daí?”

Daí que preciso contar que encontrei – aliás, encontramos, todos os que fomos ao CCBNB – um homem na plenitude dos 92 anos de idade, pertinho já de chegar aos 93, esbanjando energia e alegria de fazer música, de encantar outras pessoas com arte, bom-humor e gentileza.

Encontrei, encontramos, um cidadão de 92 anos de idade sintonizado com o tempo e com a experiência. Saí de lá sacolejado, contente não só por ter ouvido boa música e boas histórias, mas também por ter presenciado uma performance de excelência inquestionável, carregada das melhores vibrações.

Em 2022, eu havia estado com Maurício virtualmente, numa entrevista na agenda do Fórum Harmônicas Brasil, compartilhando aquela conversa com o gaitista Jefferson Gonçalves. Ontem, despojado de responsabilidades, sem pretensões, fui mesmo só ouvir músicas, aplaudir, tietar. Simples assim.

Antes, na década de 1980, eu havia esbarrado com Maurício numa música da Ângela Ro-Rô, “Simples Carinho”, que fez com que eu me encantasse com a gaita. Foi só um primeiro encontro.

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Voltei para casa refletindo sobre a revolução que cada um de nós pode realizar se buscar razões para o existir. Sobre reconhecer que não se vive só por viver. Ou como é possível rejeitar ditames que sufocam e isolam com termos como “velho”, “ultrapassado”, “superado”, “gasto”. E usar soluções enternecedoras e encantadoras nessa rebelião.

Maurício faz assim. Imediatamente lembrei de José “Pepe” Mujica (1935-2025), o ex-presidente do Uruguai (2010-15) que ensinou e ainda ensina o quanto é importante ser compreensivo, respeitar diferenças, reverenciar a Democracia e os direitos. Também lembrei de Lula, um nordestino que deu rumos novos a um País antes cheio de desesperança, um cidadão cativo da liberdade – se é legítimo afirmar esse paradoxo.

Maurício, Pepe e Lula são expressões da inconformidade. Gosto muito de saber que estamos, todos nós, no mesmo tempo deles.