A jornada do talentoso “Doutor do Baião”. Os saberes ancestrais das mulheres cearenses. A memória pelos trilhos da ferrovia. Da lida dos vaqueiros ao universo da gastronomia quilombola. De instalação multimídia à pintura, tem xilogravura, fotografia, dentre outras linguagens visuais. Com fartura de temas e públicos, uma exposição gratuita aguarda a população nos espaços culturais do Governo do Ceará.
Nar capital e no interior, a programação em abril marca 12 espaços da Rede Pública de Equipamentos Culturais do Ceará (Rece), da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará). É encaixar o tempo na agenda e seguir as classificações indicativas de cada exposição em cartaz.
Ao todo, 28 mostras traduzem as expressões, o modo de ser, a história e a produção artística cearense de ontem e hoje. Sucesso de público no Museu da Imagem e do Som Chico Albuquerque (MIS Ceará), a exposição “Quando o sertão ganhou o mar – A obra de Humberto Teixeira” foi prorrogada por mais três meses.
Unindo fotos e peças de acervo, o trabalho viaja pela vida de Humberto Teixeira (1915-1979) e também da música brasileira. Filho de Iguatu, o “Doutor do Baião” encantou a nação em parcerias com Luiz Gonzaga (1912-189) e Lauro Maia (1913-1950).
A mostra adentra o processo de composição de Humberto, responsável por clássicos como “Asa Branca”, a vida no Rio de Janeiro, a atuação política e luta pela valorização da música nacional. Ainda no MIS Ceará, é possível trilhar a fauna do estado por meio de tecnologia e recursos que unem projeção e vídeo na exposição “Aves do Ceará”.
Conhecendo as guardiãs
Itinerante, a exposição fotográfica “Guardiãs da Biodiversidade do Ceará: Memória, Território e Agroecologia” apresenta os saberes populares tecidos por mulheres de comunidades rurais de 10 municípios cearenses. Este projeto foi contemplado no edital da II Chamada Pública de Projetos Artísticos e Culturais do Sertão Central (2023), da Casa de Antônio Conselheiro e Casa de Saberes Cego Aderaldo.
O visitante conhece a experiência de 20 mulheres cearenses de comunidades tradicionais, como quilombolas, agricultoras, artesãs da palha da carnaúba, quebradeiras de coco babaçu, guardiãs de sementes crioulas e pescadoras artesanais.
Em abril, o trabalho percorrerá escolas de Quixeramobim e chega a Fortaleza nos dias 25 e 26 deste mês, na Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará.Com curadoria de Rocicleide Ferreira e fotos de Fernanda Oliveira e João Caetano, os registros fotográficos foram realizados ao longo dos anos de 2015 a 2023 nos territórios de atuação do Instituto Antônio Conselheiro (IAC).
Arte que gera emprego
Ações conjuntas envolvendo equipamentos da Rece resultaram em exposições no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMac). Em parceria com a Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho (EAOTPS), o CDMac disponibiliza a mostra coletiva “Patrimônios, Memórias, Artes e Ofícios”.
A atração celebra as mais de duas décadas de atuação da EAOTPS no campo da educação patrimonial. A coleção adentra um recorte da produção dos jovens artistas que passaram pelas formações na Escola. Alunos e alunas que estudaram nas áreas de conservação, restauração e ofícios tradicionais.
Em cartaz no Museu da Cultura Cearense (MCC), localizado no CDMac, a atividade reúne trabalhos que utilizam técnicas como a gravura (xilogravura, serigrafia, litografia e gravura em metal), a prataria artesanal e o bordado, além de obras de renomados artistas restauradas por estudantes formados na Escola.
A atuação conjunta do Museu do Ceará e CDMac resultou na mostra “Anas, Simôas e Dragões: Lutas Negras pela Liberdade”. Com curadoria de Ana Aline Furtado e Cícera Barbosa, o acervo traz peças do Museu e obras de Adriana Clemente, Alexia Ferreira, Blecaute, Cecília Calaça, Clébson Francisco e Paula Trojany.
Esta oportunidade única reúne mais de 30 trabalhos, entre lambes, colagens, retratos, instalações, pinturas e outros, que tensionam o apagamento de mulheres negras nos processos de lutas e resistências pela liberdade. Em cartaz, o destaque à história da resistência negra no Ceará sob uma perspectiva “contracolonial”, a partir de encruzilhadas entre arte, histórias e memórias das culturas negras cearenses.
Iluminando a história
Na Pinacoteca do Ceará é hora de vivenciar a arte e o universo de um dos maiores artistas do País. O cearense Leonilson (1967-1993) é presente na Pinacoteca do Ceará com a mostra “Leonilson: Montanhas protetoras e ao longe, vulcões, rios, furacões, mares, abismos e Das amizades”.
No Arquivo Público do Estado do Ceará (Apec), a mostra “44 Anos da Anistia: Mulheres, Estudantes e Movimentos Sociais nas Lutas pela Anistia no Ceará” recupera a recente memória do País.
O acervo é composto por registros das mobilizações sociais feitas, principalmente, por mulheres, pelos movimentos estudantis e pela população da periferia da cidade de Fortaleza. Além disso, a educativa mostra também apresenta registros de documentos relativos às ações do aparato repressor do Estado.
Lar da leitura e ensino, a Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece) adentra um importante capítulo na história dos cearenses. A exposição Galeria Folheada – “Jornal cearense impresso: dois séculos de atos, fatos e resistências” homenageia o bicentenário de criação do jornal impresso no Ceará.
A retrospectiva revela a atuação da imprensa no estado, passando por momentos históricos, de grupos editoriais que participaram da cena de Fortaleza, com seu modo próprio de levar as notícias e seus comentários ao público.