Da Rede Lado, coletivo de profissionais do Direito trabalhista:
Em março celebra-se o Dia Internacional da Mulher, mas elas ainda têm pouco o que comemorar quando o assunto é divisão das tarefas e luta por direitos iguais no mercado de trabalho. A desigualdade é gritante quando pensamos que, mesmo sendo a maioria entre os chefes de domicílios (52%), as mulheres têm menos direitos e oportunidades no mercado de trabalho, acumulam mais funções e ainda recebem menos do que os homens. Esses dados podem ser confirmados no Boletim Especial divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no último dia 7 de março.
De acordo com o documento, apesar dos bons resultados do mercado de trabalho, registro de crescimento de 3,5% do PIB e da criação de 1,7 milhão de empregos com carteira, as mulheres seguem com taxas de desocupação maiores do que as dos homens (7,7% delas, contra 5,3% deles). As negras são as mais subutilizadas, com 23,2% ocupando de uma das três categorias de mão de obra subutilizada, que consiste naquelas pessoas que estão desocupadas, trabalharam menos horas do que desejavam ou gostariam de trabalhar, mas, por algum motivo, estão impossibilitadas.
Além disso, os rendimentos femininos foram, em média, 762 reais menores do que os masculinos, uma diferença de 22%. Entre os trabalhadores com ensino superior, esse montante chega a 2.899 reais mensais; e entre diretores e gerentes, de 3.328 reais, ou seja, cerca de 40 mil reais a menos para elas ao fim de um ano. E, ao final de um dia de trabalho, as mulheres seguem acumulando muito mais tempo nos afazeres domésticos (21 dias a mais por ano) do que os homens.
Ações para reduzir desigualdades
Ainda de acordo com o Boletim do DIEESE, é fundamental implementar ações em diversas áreas para enfrentar as desigualdades enfrentadas pelas mulheres. A negociação coletiva, apoiada pela Lei de Igualdade Salarial, pode ajudar a garantir o equilíbrio de vencimentos entre homens e mulheres. Além disso, a ampliação da participação feminina em espaços de negociação é essencial para promover o crescimento profissional e a inclusão em postos de liderança.
Diante das persistentes desigualdades salariais e da predominância feminina em situações de vulnerabilidade econômica, “é urgente a discussão sobre a qualidade de vida das famílias comandadas por mulheres, assim como o investimento em políticas mais efetivas para diminuir a vulnerabilidade econômica e social das famílias”, conclui o estudo.