Artigo do jornalista Roberto Maciel, editor do portal InvestNE:
O noticiário nos informa que o ex-presidente Jair Bolsonaro abriu uma firma comercial. Mais uma. Pretende, com o novo empreendimento, vender roupas, calçados e artigos de viagem – itens facilmente encontrados, embora com estampas menos aberrantes, em calçadas onde labutam vendedores ambulantes.
As ambições são aparentemente miúdas, como costuma se apresentar o ínfimo conjunto de qualidades do dono. Tanto que nem sede específica a empresa tem. Ainda segundo a Veja, está registrada num apartamento que Bolsonaro tem em Brasília, imóvel que figura entre os 54 que comprou ao longo da vida com dinheiro vivo.
Registra o site da revista “Veja”: “A Jambol (palavra criada a partir da junção das iniciais de Jair Messias Bolsonaro) é uma microempresa com capital de 5 mil reais. O contrato social, registrado na Junta Comercial de Brasília, tem o ex-presidente como único dono do negócio. Além da venda de produtos, a empresa também está habilitada a administrar as atividades de atividades de promoção de venda, publicidade e marketing direto.
Esta é a segunda empresa que Jair Bolsonaro cria após deixar a Presidência da República. Antes, o ex-presidente já havia registrado a empresa Bravo Grafeno, com outros quatro sócios, para fabricar produtos de alta tecnologia”.
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Jair Bolsonaro não é dos mais inteligentes, deve-se observar.
Dependendo do que fizer com CNPJ da tal “Jambol”, o inelegível poderá ser alvo de fiscalizações criteriosas das receitas Federal e do Distrito Federal, as quais dão conta de combater sonegadores. E Bolsonaro, que nunca prestou conta dos R$ 17 milhões que disse ter faturado digitalmente com doações pagas por aficionados e outros fanáticos do fascismo tropical, terá de seguir à risca a legislação que cuida de impostos. Terá de agir, então, de forma muito distinta da que trombeteava.
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De todo modo, observe-se que Bolsonaro tem ido pelo caminho no qual já caminham apoiadores ilustres, como Edir Macedo, Silas Malafaia, Valdomiro Santiago e Marco Feliciano. São todos pastores destacados como vendilhões que ocupam tempos físicos e eletrônicos. E que empurram goela abaixo dos fieis grãos de feijão (milagrosos contra covid, garantem), óleo de cozinha comum (mas ungido, afirmam) e água de torneira (abençoada, asseguram).
Alguém é capaz de apostar quando ou se Bolsonaro, que já distribuiu ameaças, golpe e ilusões, vai começar, agora um camelô pós-moderno, a vender milagres?