Opinião: “Saúde mental – sete aspectos para serem trabalhados nas empresas”

Artigo do empresário Érico Almeida, sócio-gerente do Grupo Skill:

A saúde mental é um tema que está em alta, principalmente, nas organizações. Não à toa, recentemente, foi sancionada a Lei 14.831/24, que cria o “Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental”, a fim de certificar negócios que seguem critérios em prol do bem-estar dos colaboradores. No entanto, embora essa ação governamental venha corroborar a importância de levar cada vez mais essa pauta no ambiente corporativo, é fundamental que, mais do que buscar uma certificação, as companhias estabeleçam abordagens que venham ao encontro dessa necessidade.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 264 milhões de pessoas enfrentam quadros de depressão e ansiedade. Contudo, mesmo esse sendo um saldo expressivo, segundo uma pesquisa feita pelo Infojobs e a HR Tech, empresa especializada em soluções para RH, apenas 34% das organizações no Brasil desenvolvem ações em prol da saúde mental dos colaboradores.

É importante enfatizar que, tendo em vista a quantidade de diagnósticos de colaboradores que possuem algum tipo de transtorno mental, trazer essa temática para a companhia deixou de ser um diferencial há muito tempo, se tornando uma necessidade para garantir o equilíbrio e desempenho da empresa – considerando que, ainda de acordo com a OMS, anualmente, a economia global perde US$ 1 trilhão devido ao descuido com este tema internamente.

Quando falamos sobre os cuidados com a saúde mental do colaborador, o papel da empresa, mais do que compreender, é ajudá-lo e, consequentemente, realizar abordagens que auxiliem a minimizar a incidência de casos. Diante disso, listo sete aspectos que devem ser trabalhados perante esse objetivo:

#1 Criar um espaço seguro: é crucial que o ambiente que o trabalhador esteja inserido neste tema, dando abertura para que ele possa se abrir e que não se sinta pressionado ou coagido diante das suas emoções. Criar este livre acesso ajuda a evitar situações de estresse que podem ocasionar em outros problemas, como um burnout.

#2 Capacitar o líder: há muito tempo, a liderança deixou de ser vista apenas como “quem mandava”. Hoje, um bom líder é aquele que orienta e auxilia no desenvolvimento do colaborador. E, em se tratando da saúde mental, é importante que essa figura seja treinada e capacitada a fim de saber lidar com perfis diferentes e, com isso, identificar sinais de algum tipo de transtorno, agindo sempre com empatia e orientando para o melhor direcionamento.

#3 Desenvolver o colaborador: é importante mapear e definir quais os objetivos e planos com o colaborador. Atualmente, o mercado de trabalho lida com diferentes perfis e gerações que possuem expectativas a serem cumpridas. Caso não haja esse alinhamento logo de início, pode gerar frustrações e, até mesmo, resultar no desligamento. Afinal, ainda segundo o Infojobs, 86% de pessoas mudariam de emprego em busca de melhorar a saúde mental.

#4 Realizar treinamentos comportamentais: complementando o tópico anterior, aqui é importante alinhar os aspectos nos quais a pessoa precisa evoluir. Na prática, essa ação envolve treinar toda a equipe, ensinando a abordar temas dos mais fáceis aos mais difíceis, sem que resulte em traumas ou experiências negativas que possam levar a algum quadro de transtorno emocional.

#5 Realizar palestras com foco neste tema: falamos muito sobre saúde mental, mas como identificar sinais no colaborador? Por meio desses encontros, é possível, além de conscientizar, também ensinar através de exemplificação como o problema pode ser vivido na prática e a melhor maneira de saná-lo.

#6 Mindfulness: essa é uma outra ação que a empresa pode tomar, a fim de orientar e ensinar os colaboradores a lidarem com suas emoções. Ter um espaço de meditação e descompressão através da prática do mindfulness ajuda a pessoa no autocuidado e na sensação de acolhimento.

#7 Oferecer suporte psicológico: ter a presença de psicólogos na empresa também é uma abordagem que auxilia no melhor preparo e saúde mental do colaborador. Dessa forma, em casos de necessidades, ele pode solicitar uma consulta para que, a partir disso, o profissional possa orientá-lo e fazer um primeiro atendimento, direcionando para a busca correta de um tratamento.

Esse conjunto de ações, quando implementado, pode fazer uma grande diferença no dia a dia organizacional. Certamente, para algumas empresas que não têm essa cultura clara ou possuem dificuldades em saber como começar, ter o apoio de consultorias especializadas em RH pode ser efetivo, visto que elas podem fazer um diagnóstico preciso e orientar medidas que auxiliem no bem-estar e na construção de um ambiente saudável.

Vivemos uma era em que o foco das organizações está em seu crescimento e desempenho, porém, diferente do que se imagina, direcionar esforços nesse aspecto também é uma excelente estratégia. A pesquisa da OMS revelou que, ao investir US$ 1 em iniciativas que favorecem melhorias na saúde mental e bem-estar dos colaboradores, ganha-se US$ 4 decorrentes do aumento da produtividade.

Sendo assim, ter estabelecido o pilar da saúde mental nas companhias torna-se uma necessidade, até porque, mais do que buscar uma certificação, é preciso garantir resultados na prática.

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