Osvaldo Euclides de Araújo: “Pré-leitura do livro ‘A saga dos empresários imigrantes na economia cearense’, de Henrique Marinho”

Texto do economista e jornalista Osvaldo Euclides de Araújo, originalmente publicado no site Segunda Opinião:
O AUTOR
Henrique Marinho (foto acima), economista, professor universitário, consultor e escritor (autor de cinco livros), é servidor público aposentado do Banco Central do Brasil,
A PUBLICAÇÃO 
O livro “A saga dos empresários imigrantes na economia cearense“, de autoria de Henrique Marinho, foi lançado em 2024 pela Paco editorial com 210 páginas, textos de apresentação de Beto Studart, Deusmar Queiroz e Ricardo Cavalcante. O livro é ilustrado por dezenas de fotografias e apoiado em seis páginas de referências bibliográficas.
CIRCUNSTÂNCIAS 
Henrique Marinho, estudioso das coisas do Ceará, economista com potência de historiador, abre uma estrada larga de pesquisa sobre o mundo dos negócios regionais, e descobre a força dos eventos e desdobramentos provocados a partir de algumas levas de imigrantes que chegam a nossas praias, tangidos por pobreza, tensões e violência mundo afora. 
Está na hora de jogar luz nessa história e nessa trajetória de famílias empreendedoras que aportaram com seus modestos capitais e prosperaram, dando sua contribuição ao progresso do estado. 
Sírio-libaneses, portugueses, franceses e japoneses, entre outros, muitos por razões religiosas, tiveram que abandonar suas terras e buscar por aqui abrigo e oportunidades. 
Quando eles chegaram o Ceará talvez tivesse pouco a oferecer, além do calor humano e alguma hospitalidade. 
A IMPORTÂNCIA DO LIVRO 
Henrique Marinho escreve um livro que vai além da imigração e das circunstâncias dessas famílias. A obra produz uma visão panorâmica da história do Ceará, nela podemos ver como as estruturas institucionais e de negócios eram, naqueles tempos, precárias e carentes. Se as lacunas abertas facilitavam a iniciativa, por outro lado a demanda e o mercado eram pequenos, vulneráveis. 
Um retrato revelador do Ceará aparece quando se confrontam passado e presente. O trabalho de pesquisa do professor Henrique Marinho tem o poder de mostrar ao Ceará trechos relevantes do caminho percorrido desde o passado distante até hoje. E a viagem pelas páginas não é cansativa, é didática. 
O LIVRO 
O leitor encontrará um texto escrito com alguns importantes cuidados do rigor acadêmico, sem que isso prejudique o prazer que a fluidez da leitura costuma permitir. Marinho faz citações oportunas e necessárias. E os autores citados, destaque para historiadores, só valorizam, enriquecem a obra. 
O autor estrutura sua mensagem em cinco capítulos, cada um deles apontando para uma das origens dos imigrantes citados, empresários destacados: sírio-libaneses, portugueses, japoneses e franceses, principalmente. Eventualmente, a religião também identifica e distingue. 
CURTAS 
“… A imigração no Brasil foi um fenômeno que ganhou grandes proporções no final do século XIX e no início do século XX…
“… A economia cearense demorou a iniciar seu dinamismo, saindo desse círculo de mercado interno e produção arcaica…
“… O aparecimento da cotonicultura gerou empregos para boa parte dessa população…
“… O Ceará e Fortaleza careciam de trabalhadores qualificados,o que dificultava o incremento econômico da província. Acreditava-se, com a vinda desses trabalhadores, que eles passariam suas técnicas aos trabalhadores locais…
“… dentre fatos pouco conhecidos está a prisão e assassinato de Isaac Gradvohl pelo regime nazista da Alemanha…

 

“… outro grupo importante de judeus franceses que migraram para o Ceará é a família Boris que desenvolveu atividades comerciais e de serviços voltadas para exportação e importação… a imigração para o Ceará inicia-se com a vinda de Alphonse Boris em 1865…
BONS MOMENTOS 
“… para a economia cearense, a partir dessas vindas de estrangeiros, observou-se uma dinamização, principalmente com a predominância desses imigrantes sírio-libaneses nos setores de comércio e serviços em Fortaleza. Por isso, neste livro analisaremos o desempenho de alguns desses empresários “galegos“, como ficaram conhecidos notadamente os da família Jereissati, Otoch, Ary, Lazar, Romcy…
Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Memória do Rádio Cearense: Personagens para sempre - Parte I“… João Dummar chegou ao Ceará em 1910 com sete anos de idade, casou-se com Lúcia Rocha, filha de Demócrito Rocha (fundador e) proprietário do jornal O Povo. João Dummar fundou, juntamente com o irmão José, a firma Dummar & Cia., e foram agentes depositários da Philips, Brunswick, Remington, Bicicletas Hirondelle, máquinas Facit, RCA Victor, entre outros. João Dummar, apesar de ser pessoa voltada para o comércio, tinha uma visão cultural avançada, principalmente para a música. Trazia da Europa os últimos lançamentos das músicas para redistribuir para o resto do Brasil. Fundou, com irmão José, a Ceará Rádio Clube PRE-9…
Blog de Albergaria: Manuel Dias Branco, empresário (Fortaleza, Brasil) (1904 - 1995)“… Ainda em 1940, Manoel Dias Branco moderniza sua empresa, instalando máquinas para produção do macarrão Imperial, e expande seus negócios, formando uma sociedade com seus irmãos José e Orlando, criando a empresa M. Dias Branco & Irmãos. Em 1951, a padaria mudou de endereço e de nome. A “Padaria Fortaleza” foi transformada numa fábrica de biscoito e massas, que recebeu o nome de “Fábrica Fortaleza“, em 1953, quando Francisco Ivens de Sá Dias Branco entra na sociedade mudando o nome da empresa para “M.Dias Branco & Cia. Ltda“. No ano seguinte a empresa investe em máquinas pesadas, trabalhando em três turnos, cria a bolacha Pepita, que foi o seu primeiro grande sucesso.
“… A vinda de imigrantes japoneses para o Ceará não aconteceu em grandes proporções, considerando o que o estado tinha a oferecer por causa do seu subdesenvolvimento. No entanto, o primeiro japonês a pisar em solo alencarino foi Jusaku Fujita, que aqui chegou em 1922 e plantou sua semente que o notabilizou como um imigrante com a saga de trazer a cultura de flores para o estado e plantar empresas de construção civil, já comandadas pelos seus descendentes…
Dário Jacinto Telles de Menezes (1845–1889)“… A história da Ypioca, começa com a vinda de Dario Telles de Menezes de Portugal em 1843. Ele e sua família desembarcaram no Ceará e logo adquiriram uma propriedade a 38 km da capital e a 6 km da Vila de Maranguape, entre a serra da Aratanha e a de Maranguape, local conhecido pelo nome de Ipioca, que em tupi-guarani significa terra roxa. Os primeiros cultivos estavam dando prejuízo e Teles de Menezes resolveu produzir cachaça, já que havia trazido de Portugal um pequeno alambique com a capacidade de produção de 30 litros por dia. Inicialmente, em 1844, foi preparado, utilizando-se apenas enxada, 1 ha para o plantio da cana.
“… Um dos mais importantes empresários radicados do estado do Ceará, o empresário Cândido Pinheiro Koren de Lima é o fundador da Rede Hapvida, médico oncologista e que se tornou um dos maiores pesquisadores sobre a origem judia de algumas famílias e autor de uma coleção de livros que desvenda a genealogia do homem nordestino no período colonial (1530-1815) e revela ainda cuidado com os laços familiares e enorme entusiasmo na pesquisa a respeito da origem do povo cearense, em uma história que se confunde com a sua própria…https://segundaopiniao.jor.br/pre-leitura-do-livro-a-saga-dos-empresarios-imigrantes-na-economia-cearense-de-henrique-marinho/

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