A Parada pela Diversidade Sexual do Ceará já tem data para colorir o principal cartão postal de Fortaleza. A 23ª edição do evento acontecerá no dia 30 de junho, na avenida Beira Mar. A maior do Nordeste e uma das maiores do país por reunir cerca de um milhão de pessoas em defesa dos direitos da populações LGBTQIAPN+, a marcha em 2024 vai comemorar também os 35 anos de atuação do Grupo de Resistência Asa Branca (Grab), que promove o evento.
Com o tema “Radicalizar para existir; votar para ocupar”, a Parada vai pautar as vulnerabilidades sociais às quais estão expostas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queers, intersexuais, assexuais, pansexuais, pessoas não binárias e outras identidades de gênero. Da insegurança alimentar ao elevado índice de assassinatos de travestis no Ceará. Da dificuldade de acesso ao mercado de trabalho à incapacidade da máquina estatal de lidar com a diversidade na saúde pública. Da irrisória oferta de qualificação profissional ao bullying sofrido no sistema de ensino.
Essas e diversas outras denúncias e reivindicações comporão o tom dos discursos deste ano – que, pela característica eleitoral que tem, também fará da Parada um momento para demarcação do poder revolucionário do voto e da necessidade de a sociedade exigir dos representantes políticos eleitos um debate político qualificado em torno da extensa agenda do povo LGBTQIAPN+.
“A Parada não é um simples desfile. É uma luta histórica por políticas públicas. Porque nós ainda estamos à margem dos espaços sociais e de poder. Nós precisamos ocupar esses espaços para que possamos existir dentro e fora deles. Para que possamos viver! Querem que a gente fique à margem, pois quem está à margem não é visto nem decide nada. Mas nós temos reivindicações que dialogam com as nossas experiências de vida, e a avenida Beira Mar é nosso lugar de luta. Nós vamos, mais uma vez, ocupar o coração do Ceará”, afirma a presidenta do Grab, Dary Bezerra.
A definição do tema deste ano foi feita pelo Grab na noite dessa terça-feira (30/4) em plenária com 71 representantes de movimentos sociais de Fortaleza, Russas, Maranguape, Quixadá, Sobral, Acarape, Redenção e Caucaia. Artistas, indígenas, pessoas convivendo com HIV, estudantes, produtores culturais, empreendedores, religiosos, assessores parlamentares e ativistas sociais negres e trans participaram do encontro, ocorrido na Biblioteca Municipal Dolor Barreira.
“Nossa parada é a maior do Nordeste, mas a gente tem de fato políticas públicas para populações LGBTQIAPN+? A gente vai sempre viver de migalhas? Ou vai exigir o que é nosso por direito? O que existe hoje em termos de prevenção na segurança pública que diminua o risco que nós corremos? A Parada vem pra colocar isso e outras coisas em evidência. Porque não dá pra gente continuar sendo o país que mais mata pessoas trans e travestis no mundo! Já são 14 anos assim e ainda há quem não considere a situação grave. Nós queremos viver”, disse na reunião a diretora do Grab, Labelle Rainbow.
A programação do evento está em fase final de elaboração, bem como o esquema de mobilidade e segurança da Parada já foi solicitado aos órgãos competentes. Ambos serão posteriormente divulgados pelo Grab e parceiros do evento. “Nós somos cidadãos e o nosso voto vale. E vale muito! Somos LGBTs, somos fortes e votamos. Nosso voto mudou o Brasil. Vamos pra rua!”, conclamou a apresentadora Lena Oxa.