Do escritor e publicitário Ricardo Alcântara:
“Sob pressão é que se conhece um homem” – alguém cobriu-se de razão para me dizer isso ao comentar a postura de Jair Bolsonaro, oscilante entre a covardia e o cinismo, ao sentar no banco dos réus diante de um magistrado munido de evidências acusatórias.
Nem mesmo sob a perspectiva mais pragmática, em que os fins justificariam os meios, o proceder canino do ex-presidente se justificaria: decepcionou seus seguidores e nenhum atenuante conseguiu extrair de quem o julga, pois nada de objetivo foi apresentado em contrapeso à gravidade dos crimes que, numa retórica oblíqua, apenas confirmou.
Também “sob pressão”, outro ex-presidente, Lula da Silva, já fora visto, e capturado por câmeras de vídeo (cena ainda hoje disponível no YouTube), diante de outro magistrado, Sérgio Moro, sob acusação que, construída por métodos comprovadamente espúrios e desprovida de sentido conclusivo, foi posteriormente anulada.
Ao assistir às duas cenas – Lula com Moro e Jair com Xandão – é fácil perceber qual deles compreende em sua dignidade o significado do termo “liderança”. Ou seja, quem agiu apenas no intuito de livrar a cara e quem deu a cara ao tapa da história. Quem abandonou seus soldados no vale aberto do ridículo e quem preferiu o confinamento a renegar os seus. Quem pediu, com indisfarçável hipocrisia, desculpas pelo que disse e quem sustentou sua palavra. Quem precipitou a prisão em massa de sua gente e quem manteve a praça da delegacia ocupada por um acampamento que respeitou a legalidade mesmo quando seus mecanismos foram manipulados para causar danos ao país.
É básico: o leitor digita os links no devido “ponto com” e os assiste. Que julgue, então, desprovido de preconceito, qual deles, sob pressão, fez por merecer a confiança dos que lutaram a seu lado, a despeito de estarem certos ou não sob o julgamento posterior da história.
E este artigo não é sobre inocência ou culpa. É sobre a responsabilidade de conduzir pessoas.