Por Roberto Maciel, jornalista:
O pastor Silas Malafaia não é, nem de longe, um autêntico líder religioso. Embora seja muito rico, não tem a fortuna nem os recursos nem a projeção internacional de Edir Macedo, por exemplo. Nem tem o apelo popular de Valdemiro Santiago ou de Estevam Hernandez. Malafaia inspira piadas de humoristas como Fábio Porchat, Fábio Rabin, Antonio Tabet e Gregório Duvivier, nada mais do que isso.
Não ser poderoso como os citados o incomoda muito, supõe-se.
Silas Malafaia é, no meio evangélico, o que se pode chamar de pastor de segunda divisão.
Ainda assim, alimenta ambições de liderança incomuns, quase patológicas. Ele se enxerga como influente conselheiro espiritual de multidões, como profissional capaz de indicar caminhos políticos e formas de gestão a governantes. Foi por isso que se inflou entre os aliados da extrema-direita que cercavam Jair Bolsonaro no governo. Gritando a plenos pulmões, desafinando na emissão de sons e palavras, Malafaia se tornou sinônimo de fé no bolsonarismo.
Só ele nutre essa imagem. Malafaia é, para a religião, o que Olavo de Carvalho foi para a formulação política – seja que avaliação se faça disso.
Ninguém se espante se ele por estes dias aparecer defendendo a “liberdade de expressão” dos tarados presos planejando colocar bomba no show de Lady Gaga, sacrificar ritualisticamente uma criança e tocar o terror para o resto da vida de todos os brasileiros. São da extrema-direita, afinal, sempre oprimidos pela “tirania” da Polícia Federal, do STF e de Lula.
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Mau-educado, sem modos, gritalhão e boquirroto, Silas Malafaia parece ter encasquetado com a ideia de ser preso pelo ministro Alexandre de Moraes. Por isso, o xinga destemperadamente. O chama de criminoso, de ditador de toga e de autoritário, ofende o Poder Judiciário e insinua que os magistrados perseguem os cristãos e os políticos de direita. Ataca outras autoridades e, sem pudor, amaldiçoa quem não pensa nem age como ele.
Gasta rios de dinheiro para bancar manifestações em que a tônica não é a defesa da lei e da Democracia, mas a exaltação dos mais ralos e rasos instintos da má política.
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Silas Malafaia está esperando um milagre – quer que Alexandre de Moraes o prenda e, desse jeito, o transforme num moderno mártir fascista. Só não sabe, porque demonstra não ler a Bíblia, que milagres são para santos.
É melhor para Malafaia que sente e aguarde, porque de pé cansa.