Trabalho em home office segue em alta no Brasil, mas especialistas alertam para desafios de produtividade

Apesar de uma leve redução após 2022, o trabalho remoto segue em crescimento no Brasil e continua sendo preferência da maioria dos trabalhadores. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2016, apenas 3,6% dos ocupados trabalhavam de casa. O percentual atingiu o pico em 2022, com 8,5%, e permanece em patamares superiores aos do período pré-pandemia.

Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) reforça a tendência: entre pessoas que atuam remotamente, seja de forma integral ou híbrida, apenas 12,5% disseram preferir voltar ao trabalho presencial. Já entre os que retornaram totalmente ao escritório, quase metade (49,7%) afirmou que gostaria de trabalhar de casa.

Para especialistas em gestão corporativa, o modelo ainda representa um desafio para empresas. Sem processos bem estruturados, a produtividade pode se dispersar, a comunicação tende a falhar e os times ficam mais suscetíveis à desorganização.

“As empresas estão tratando o home office como se fosse solução mágica, mas sem processos claros a conta chega rápido: queda de performance, ruído na comunicação e perda de mercado”, alerta o consultor Fabio Furtado.

Segundo ele, não basta confiar no “bom senso” dos colaboradores. “Rotina clara, feedback constante e alinhamento cultural não são opcionais. São obrigação. Caso contrário, o home office vira mais um problema do que solução”, afirma.

Na prática, uma gestão eficiente precisa começar já na integração de novos funcionários. “O colaborador precisa ser preparado desde o primeiro dia. Se a empresa não mostra o que espera e como funciona, não dá para cobrar resultado lá na frente”, acrescenta Furtado.

Além de manter equipes engajadas, especialistas lembram que processos bem definidos ajudam a melhorar a qualidade dos serviços, reduzir custos e aumentar a satisfação dos clientes. Para as empresas, isso significa não apenas preservar a produtividade no modelo remoto, mas também evitar que a busca por “flexibilidade” se transforme em uma armadilha que comprometa o crescimento no longo prazo.