Vigaristas flagrados com a mão na massa: Nikolas e Gayer driblam proibição e usam mandatos para ganhar dinheiro no Instagram

Do site The Intercept, com texto de Paulo Motoryn:

Os deputados federais Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer, ambos da ala bolsonarista do PL, estão monetizando seus canais no Instagram. Eles encontraram uma brecha na regulamentação da Câmara dos Deputados para vender assinaturas aos seguidores, prometendo acesso exclusivo a informações da atuação parlamentar e aos bastidores de seus mandatos.

Cada assinatura dos serviços premium oferecidos pelos deputados custa R$ 7,99 por mês. O Intercept Brasil se inscreveu no canal de assinantes de Nikolas Ferreira e assistiu a diversas postagens exclusivas. As publicações alternam vídeos feitos em salas de comissões e no plenário da Câmara com momentos de intimidade.

Nikolas também oferece aos assinantes serviços como canais de transmissão exclusivos, acesso antecipado a publicações e informações de bastidores. Em paralelo, usa outro recurso do Instagram para ganhar dinheiro: vende selos que podem custar até R$ 25,99, dando destaque a usuários nos comentários durante as lives do canal.

No caso de Gayer, os serviços oferecidos aos assinantes são conteúdo exclusivo, bastidores e a possibilidade de fazer uma pergunta ao parlamentar. Ele também mantém uma loja virtual em seu perfil, em que vende exemplares do livro “A mentalidade conservadora”, do filósofo conservador norte-americano Russel Kirk. Uma unidade custa R$ 151,92.

 

A prática de Nikolas Ferreira e Gustavo Gayer não é expressamente proibida, mas levanta questões éticas e legais sobre o uso das redes sociais por parte de políticos em exercício – especialmente quando envolve o lucro obtido por meio de recursos ligados ao mandato.

A última transmissão ao vivo feita por Nikolas, em 20 de fevereiro, por exemplo, foi feita no seu gabinete na Câmara dos Deputados. O tema da live era a sua atuação parlamentar e o noticiário político. Os assinantes e detentores de selos tinham privilégio para fazer perguntas.

Em 2020, a Câmara dos Deputados proibiu explicitamente o uso de recursos da cota parlamentar para contratar serviços que possam gerar lucro com a monetização, com foco no YouTube. A regulamentação, no entanto, não foi específica em relação à monetização de canais no Instagram – que, àquela época, ainda não oferecia os recursos usados por Nikolas e Gayer.

A medida foi tomada após uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelar que parlamentares estavam transformando a divulgação de atividades no Congresso num negócio privado ao monetizar seus canais no YouTube, com vídeos que arrecadam recursos de acordo com o número de visualizações. 

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