A fiscalização eletrônica com câmeras de segurança — os conhecidos radares — tem papel determinante para coibir o excesso de velocidade e salvar vidas. É o que aponta um estudo inédito realizado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e com apoio da Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito (Abeetrans).
O levantamento, intitulado “Indicadores Brasileiros sobre Fiscalização de Velocidade”, indicou que há uma correlação direta entre o nível de fiscalização e o comportamento dos condutores. Quanto mais radares instalados, menor é o número de infrações por câmera, o que revela maior obediência às leis de trânsito e mudança de comportamento.
Cada câmera de segurança detecta em média 1,5 mil infrações por ano, mas há disparidades entre estados. No Rio Grande do Sul, onde há um sistema mais consolidado, o número é de cerca de 700 infrações por equipamento, enquanto no Amazonas chega a aproximadamente 4,5 mil, indicando menor respeito aos limites de velocidade.
Em relação à quantidade de equipamentos, o Distrito Federal lidera com 7,5 câmeras por 10 mil veículos. Já o Amazonas tem apenas 0,12, uma diferença de mais de 60 vezes, segundo o estudo. Entre as capitais, Goiânia (GO) aparece com o maior número de câmeras em vias urbanas (4,75 por 10 mil veículos), seguida por Palmas (TO) e Cuiabá (MT), com 3,98 e 3,81, respectivamente. Já Maceió (AL), Manaus (AM), Vitória (ES) e Florianópolis (SC) não possuem câmeras em áreas urbanas.
Paulo Guimarães, CEO do Observatório Nacional de Segurança Viária, destaca que, embora a correlação estatística entre o número de câmeras e a taxa de mortalidade não seja direta, o estudo aponta um dado significativo: nenhuma unidade da federação com alto índice de fiscalização eletrônica apresenta taxa elevada de mortes no trânsito. Essa constatação reforça que a presença de câmeras atua como fator preventivo, reduzindo comportamentos de risco e contribuindo para a preservação de vidas, diz Guimarães.
“O estudo integrou dados públicos do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), DATASUS, Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) e Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) a partir de uma análise estatística por meio do cálculo do nível de correlação entre diferentes indicadores levantados. Ao mapear todos os pontos de fiscalização eletrônica de velocidade no país e cruzar com dados de frota, infrações e mortalidade no trânsito, foram gerados indicadores do desempenho da segurança viária inéditos sobre o fator de risco da velocidade”, comenta o CEO.
Segundo Guimarães, os dados levantados podem ajudar gestores públicos e empresas do setor de mobilidade a tomar decisões mais assertivas. “Os números permitem avaliar cobertura, densidade e desempenho da fiscalização, identificar lacunas e orientar investimentos em mobilidade segura”, considera.
Para Silvio Médici, presidente da Abeetrans, “um estudo tecnicamente ajustado a um bom projeto de sinalização e equipamentos auxiliares, está plenamente alinhado à visão da mobilidade segura, sustentável e humana, reforçando o papel da ciência aplicada à segurança viária”. O estudo está plenamente alinhado à visão da mobilidade segura, sustentável e humana, reforçando o papel da ciência aplicada à segurança viária”, declara Médici.
Para acessar o estudo completo, com mais análises e ranking, basta entrar no site do Observatório Nacional de Segurança Viária: https://www.onsv.org.br/estudos-pesquisas/indicadores-brasileiros-sobre-fiscalizacao-de-velocidade


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