A Coluna do Roberto Maciel (terça-feira, 1.4): Bolsonaro, uma ruma de curiosidades e bizarrices e uma só verdade

• Há um mundo de curiosidades acerca do comportamento de bolsonaristas, e até da própria família Bolsonaro, no turbilhão de acontecimentos em que gira o chefe Jair Bolsonaro, ex-presidente e agora réu da Justiça. Cuidamos de selecionar uma escalação básica – um time de camisas amareladas, por quê não? Primeira: por que os filhos Jair Renan e Carlos não se postam ao lado do pai nas cada vez mais confusas entrevistas que ele tem dado à Imprensa? Segunda: por que a mulher, Michelle, aparece com o cabeleleiro do que com o marido? Terceira: por que os três irmãos do réu (Vânia, Renato e Denise) não se manifestam em favor do mais famoso parente? Quarta: não haverá “anistia” dos bolsonaristas para Carla Zambelli, a deputada que tentou matar um jornalista negro em São Paulo na véspera da eleição de 2022? Quinta: onde foram parar os fanáticos cearenses que tão bovinamente faziam concentrações na Praça Portugal e acampavam em frente ao quartel da 10ª Região Militar? Sexta: e Roberto Jefferson, o que tem achado disso? Sétima: e os pastores que tomavam propina em ouro no Ministério da Educação? Oitava: e o então secretário de Cultura, Roberto Alvim, que imitava o nazista Josef Goebbels, cadê? Nona: Paulo Guedes, onde está? Décima: e Luciano Hang, o vulgo “Véio da Havan”? Décima-primeira: e o dono da cadeia de restaurantes Coco Bambu, Afrânio Barreira, flagrado trocando mensagens no mínimo estranhas com outros figurões da política-empresarial de extrema-direita? A isso tudo, somado ou não, pode-se ter uma só palavra como conclusão, sentença, pena e verdade irrecorrível: abandono do “mito”.

A vida é dura

O fato é que antigos apoiadores do réu têm fugido dele como o diabo foge da cruz. O Manual da Política Extremista não recomenda que se pose ombro a ombro com alguém que está a caminho da condenação por golpe de estado – que, para alívio e fôlego da Democracia e respeito a vidas, foi frustrado. No bolsonarismo, afinal, muita coisa tem limite. Sobretudo a fidelidade.

Ficou rancor?
O caso do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP, licenciado), que largou o pai aos leões e fugiu para os EUA, pode ser diferente. Para explicá-lo, deve-se rememorar episódio de 2017. Quando eram colegas na Câmara federal, o filho sumiu e o pai fumaçou, fulo da vida. Era candidato a presidente da Casa e só teve quatro votos – o dele próprio e os de três aliados. Ficou em último lugar entre os seis que tentavam o cargo. Eduardo havia viajado para a Austrália sem avisar, humilhando o pai por negar-lhe apoio e voto.

“Não vou te visitar na Papuda”
Sem saber que era observado, Jair mandou zap para o “Zero-Três”. Um repórter fotográfico capturou a conversa: “Papel de filho da puta que você está fazendo comigo. Tens moral para falar do Renan? Irresponsável!” E arrematou: “Mais ainda, compre merdas por aí. Não vou te visitar na Papuda”.

Do mesmo jeito
Não se sabe se ainda hoje o deputado Eduardo Bolsonaro tem mágoa do carão que teve de ler, ver na mídia e engolir calado. As pessoas mudam, isso é possível. O que não muda é a Papuda. O endereço é Rodovia DF 465, Km 04, Fazenda Papuda, CEP 71.686-670.

O segundo escalão nas cenas do próximo capítulo
O próximo movimento da Justiça em relação ao 8.1 já tem data marcada. Será em 6 e 7 de maio, com o julgamento da denúncia da PGR para tornar réus os integrantes do chamado núcleo 4 da trama. São sete golpistas, dos quais cinco são militares e um policial federal. O último é civil, dono de entidade que distribuiu fake news contra o voto.

Para gostar de escrever e de ler
O Centro Cultural BNB de Fortaleza promove hoje e amanhã oficina gratuita de crônicas, com a escritora e jornalista Ana Karla Dubiela (abaixo). Um ponto muito bacana: a iniciativa não visa só a dar dicas sobre como escrever crônicas, mas como lê-las. Começa às 14h nesta terça e às 13h30min na quarta.

Top
Ana Karla Dubiela já tem 11 livros publicados, sendo três sobre a crônica. É mestra e doutora no gênero. A autora é uma das mais destacadas presenças da cena literária cearense e é constantemente citada por outros autores, críticos e leitores como um dos principais nomes da crônica no País.