Texto da jornalista e escritora Tuty Osório:
Eu acredito no afinador de silêncios. Porém, ando viciada em Youtube. Além do whatsapp onde me mantenho em contato com trabalho, filhas, mãe, amizades, é o Youtube a única plataforma que
me fideliza. Em parte, nos outros, jamais entrei. O X veio e foi-se, sem mim.
Feito podcast, escuto a entrevista de Fagundes, o Antônio, no Roda Viva. Perguntas fracotas. Ele é interessante. Comum. Tem brilho. Fala de observação e de compaixão. Processos de cura. Dádivas do teatro.
Como somos todos Narciso, identifico-me e gosto da ideia. Apenas acho que não estou mais em busca do pai supremo. Nem do espelho perfeito. Como a perfeição não existe, claro que é apaziguador ouvir o que quero.
Atribuem a Freud (foto acima) a frase que estabelece o veredicto de que nos juntamos em grupo porque não nos suportamos, a nós. Será? Tenho encontrado mais perguntas que respostas. Nesse sentido é delicioso envelhecer.
Álvaro de Campos pediu que fossem para o diabo sem ele. Ou que o deixassem ir sozinho para o diabo. Jamais chegarei a essa sofisticação de mau humor. Diabo, mesmo, não é destino. É caminho.
A proximidade do dia da eleição está me confundindo. Confesso que fico satisfeita de estar confusa e não ter virado hipócrita nem cínica.
Quem se acredita humano, vivente, transcendente que se aprofunde. Apresente. Quem tem dúvida que se esconda. Aperte a tecla e confirme, seja você quem for.
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Tuty Osório é jornalista, especialista em pesquisa qualitativa e escritora.
São de sua lavra QUANDO FEVEREIRO CHEGOU (contos de 2022); SÔNIA VALÉRIA, A CABULOSA (quadrinhos com desenhos de Manu Coelho de 2023) e MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE MARIA AGUDA, dez crônicas, um conto e um ponto (crônicas e contos, também de 2023).
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SÔNIA VALÉRIA, A CABULOSA
QUANDO FEVEREIRO CHEGOU
MEMÓRIAS SENTIMENTAIS DE MARIA AGUDA