Por Roberto Maciel, editor do Portal InvestNE:
Longe de mim me arriscar a ser comparado, ou – pior! – me rebaixar a uma comparação, com o deputado federal André Fernandes (PL), mas não posso me esquivar da oportunidade de alinhar o que esse bolsoólatra disse sobre o feminicídio ao que acho da encrenca em se meteu a cabeleireira de extrema-direita Débora Rodrigues, aquela que foi flagrada pichando com batom a estátua da Justiça, na praça de entrada do Supremo Tribunal Federal, nos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023.
Disse André sobre o assassinato de mulheres:
Há quem tenha dito, e há quem permaneça a dizer, que meter 14 anos de cadeia nas costas da cabeleireira “só” porque ela riscou a estátua com um idiota “perdeu mané” é duro demais, é um exagero diante de tão leve delito.
Não é nada disso.
Fico mesmo é com o que falou sobre o assunto o jornalista Ricardo Mello, no canal do YouTube “Explicador Geral da República”.
Confira:
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O fato é que Débora Rodrigues, mãe de duas crianças, largou a família em subserviência ao que há de pior da vida pública, se enfiou na suja aventura de dar um golpe na Democracia brasileira, na leviandade da violência política, no nevoeiro da mentira fascista, e caiu nas malhas da lei.
– Ela é mãe de dois filhos pequenos, lembram-me.
Débora não quis saber disso; tem 39 anos de idade e não é imatura para tomar decisões.
– Ela é uma pobre e humilde cabeleireira, acrescentam.
Débora é graduada em Administração de Empresas, não se trata de uma ingênua, uma iletrada, uma incapacitada intelectualmente. Tem informações e condições de julgar o que lhe chega. Não é boba nem despreparada.
– Mas ela se arrependeu…
Judas Iscariotes também se arrependeu de ter traído Jesus Cristo e até se suicidou porque não suportou o enorme remorso.
Aliás, foi Cristo quem disse que a César deve ser dado o que é de César e a Deus o que é de Deus. Se o arrependimento for da Justiça divina, a punição terrena há de ser outra instância.
– Mas 14 anos de cadeia são muito para quem apenas pichou uma estátua.
De fato é, mas a cabeleireira não ficou nisso, está provado.
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Voltemos ao bolsonarismo.
Anos atrás, muito antes de o filme Ainda Estou Aqui ter ganho Oscar, o músico Roger Moreira – um olavista artisticamente fracassado, que se orgulha da ignorância e da pouca inteligência que tem, atacou gravemente a memória do ex-deputado Rubens Frota, vítima da tortura e do assassinato oficiais cometidos pela ditadura dos militares. Escreveu na conta que mantém na rede X um ataque ao filho de Rubens:
“Sinto muito seu pai ter morrido defendendo o comunismo. Não é motivo para eu ser igualmente perseguido agora por esquerdistas. E tem mais, seu bosta: minha família não foi perseguida pela ditadura. Porque não estava fazendo merda”.
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André Fernandes, Débora Rodrigues e Roger Moreira, a substância que os liga é a mesma.