Artigo do jornalista Roberto Maciel, editor do portal InvestNE:
O candidato de Jair Bolsonaro na disputa eleitoral em Fortaleza tem, ao menos, um comportamento nebuloso em relação à saúde pública que a Prefeitura presta aos cidadãos. É o mínimo que se pode dizer. André Fernandes (PL) não garante, em passagem nenhuma da propaganda que apresenta em rádio e TV e das propostas que divulga na Internet, quantos novos postos de saúde pretende abrir na cidade. Ou quantas UPAs. Ou como vai melhorar a qualificação e a capacitação profissional de quem atua no setor.
O ex-youtuber diz apenas que, se eleito, pretende firmar convênios com empresas privadas para suprir as demandas dos cidadãos na saúde. Ou seja, que admite usar dinheiro público para bancar empreendimentos particulares. Vai fazer concursos para contratar médicos, enfermeiros e dentistas? Nem indício.
A isso se chama “falar da boca para fora”.
Veja só: quantas empresas, ou “clínicas populares”, como ele designa, estão disponíveis e interessadas em convênios com a Prefeitura? Quantas recebem pacientes em pediatria? E em dermatologia? E em otorrinolaringologia? E em ginecologia? E em saúde do homem? Quantas estão capacitadas a trabalhar em fins de semana ou à noite? André não diz, certamente por que não sabe ou porque nem se interessa por respostas.
Quantas clínicas assim funcionam na comunidade do Pantanal? E no Aracapé? E na Favela das Placas? E no Jangurussu? Se existirem, têm condições de segurança? Têm equipamentos? Têm estruturas, como têm os postos de saúde, para atender o público?
O que o bolsonarista diz é apenas chute, papo-furado, conversa pra boi dormir.
Como o preposto da extrema-direita vai prover de segurança as “clínicas populares”, se nelas não poderão (nem podem) atuar os vigilantes da Guarda Municipal e da Polícia Militar, visto que são empresas particulares? E o que ele prevê para os hospitais públicos, que estão sob carga máxima de pacientes, a exemplo do Instituto Doutor José Frota? É a privatização que vai resolver os problemas das unidades?
André Fernandes não é apenas inexperiente. É um ficcionista que, sem nada melhor para prometer, apela para a privatização maquiada como forma de seduzir votantes.