Artigo do professor, historiador, ex-vereador e ex-deputado estadual Acrísio Sena (foto acima): O vereador Léo Couto (PSB) se esforçou muito para trazer a oposição numa chapa única para a nova Mesa Diretora da Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor – 2025/2027). Apesar de todos os esforços da base aliada do futuro prefeito Evandro Leitão (PT), o PL ficará de fora dessa composição. Essa recusa é fruto do ranço político contra o PT e também da miopia política da principal liderança do PL de Fortaleza – o deputado federal André Fernandes em entender o papel de uma Câmara Municipal. Ainda impactado com os resultados eleitorais, André não tem maturidade para perceber que o Legislativo e o Executivo são poderes autônomos e harmônicos. A participação na chapa e nas comissões técnicas refletem a correlação de forças da Casa. De qualquer forma, essa decisão – sem apresentar qualquer alternativa – isola os vereadores e demonstra que o jovem parlamentar tem pouco apreço pelo diálogo republicano e maturidade política para governar nossa capital.
A Coluna do Roberto Maciel (terça, 31.12): Cai o pano da tragédia encenada no palco de Fortaleza nos últimos quatro anos
Uma nota nas redes sociais, ácida mas vaga, foi a única resposta do prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), frente a informações do prefeito eleito e da vice-prefeita eleita sobre as finanças municipais. Evandro Leitão (PT) e Gabriella Aguiar (PSD) fizeram para a Imprensa um detalhado relato do que a equipe de transição achou no tocante a atos da gestão e a contas públicas. E o que se mostrou chega a ser aterrorizante: postos de saúde em estado de calamidade, caps sucateados, dívidas do IJF acumuladas na faixa de R$ 100 milhões e débitos empenhados a serem pagos já em 2025 somando cerca de R$ 400 milhões. Não é pouco. Nem Sarto nem o vice, Élcio Batista (PSDB), nem outro figurante da administração se moveu para expor presencialmente contra-argumentos ou para indicar dados como contrapontos. Evitaram perguntas de jornalistas. Não podem, os gestores que assumem amanhã, em nome dos compromissos firmados com a sociedade, deixar pra lá o descalabro. Nem tratar o malfeito com descaso. A situação, confirmando-se o que preliminarmente foi apurado, exige que se encontrem culpados e que se busquem punições cabíveis, rigorosas e exemplares. A incompetência para se comunicar, demonstrada desde 2021 no Paço Municipal, é o que, nestas últimas horas, se destaca. E assim cai o pano de uma tragédia que teve Fortaleza como o palco principal. Quem cala consente A postura de Sarto é sepulcral, literalmente. Representa o destino de uma imagem pública que era positiva, alcançada à custa de bons mandatos de vereador em Fortaleza (incluindo o exercício da Presidência da Câmara Municipal) e de deputado estadual (incluindo o exercício da Presidência da Assembleia Legislativa). Ida e volta Dois fatos têm sido especialmente destacados por Evandro em conversas públicas e privadas: a convocação de 540 novos servidores e o aumento de R$ 158 milhões para R$ 248 milhões do subsídio pago pela Prefeitura de Fortaleza a empresas de ônibus. Tudo feito em operações vapt-vupt com a Câmara de vereadores, presidida pelo neo-bolsonarista Gardel Rolim (PDT). “Teus sinais me confundem da cabeça aos pés…” A presença do futuro procurador-geral do Município, Hélio Leitão, na coletiva de Evandro na sexta-feira teria sido entendida por sarto-ciro-bolsonaristas como prenúncio de dias difíceis na Justiça. Minutos finais Mas é bom lembrar sempre: termina hoje a gestão de José Sarto como prefeito de Fortaleza. Feliz ano novo A deputada Luizianne Lins (PT) poderia aproveitar a maré de revoluções pessoais que todo ano-novo propicia e largar mão do rancor. Ela tem dito “não foi o grupo de Evandro que ganhou (a Prefeitura de Fortaleza) em 2024, mas o do André que perdeu”. Dizer que o grupo em que estavam Camilo Santana, Nelson Martins, José Guimarães e até Cid Gomes não foi o vencedor é um exercício de ficção extremo. Sempre cabem mais uns Abandonado por Bolsonaro, o ex-PM e ex-deputado Daniel Silveira vê logo mais o sol nascer quadrado. Os primeiros raios de luz de 2025 terão a cor da Justiça.
Investimentos do setor fotovoltáico em 2025 pode superar R$ 39,4 bilhões em 2025
Projeções da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) apontam que, em 2025, os novos investimentos gerados pelo setor fotovoltaico poderão ultrapassar a cifra de R$ 39,4 bilhões, incluindo as usinas de grande porte e os pequenos e médios sistemas em telhados, fachadas e terrenos. Segundo a avaliação da entidade, a fonte solar fotovoltaica deverá gerar mais de 396,5 mil novos empregos no próximo ano, espalhados por todas as regiões do Brasil, além de proporcionar uma arrecadação extra de mais de R$ 13 bilhões aos cofres públicos. Pela projeção, em 2025, serão adicionados mais de 13,2 gigawatts (GW) de potência instalada, chegando a um total acumulado de mais de 64,7 GW, o equivalente a mais de quatro usinas de Itaipu e que representam um crescimento de mais de 25,6% sobre a potência solar atual do País (hoje em 51,5 GW). Dos 64,7 GW acumulados para o final de 2025, 43 GW serão provenientes de pequenos e médios sistemas instalados pelos consumidores nas residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos, que representarão 66% do total acumulado da fonte, enquanto 21,7 GW estarão em grandes usinas solares, que representarão 34% do total acumulado. Entre as prioridades da entidade para 2025, destaca-se a urgência da solução dos desafios enfrentados pela geração distribuída solar com as alegações de inversão de fluxo de potência, tão prejudiciais aos consumidores e às operações do segmento. Neste sentido, a associação defende a aprovação do projeto de lei que institui o Programa Renda Básica Energética (Rebe). Além de beneficiar famílias em condição de pobreza energética, esse PL atualiza a lei 14.300/2022, corrigindo restrições de conexão às redes de distribuição, que atualmente inviabilizam milhares de sistemas de geração distribuída solar e prejudicam o direito do consumidor de investir em seu sistema de geração própria solar. Em relação às atualizações na Lei nº 14.300/2022, a Absolar recomenda aprimoramentos à Lei, para determinar, de forma clara e objetiva, que as concessionárias ou permissionárias de distribuição de energia elétrica atendam às solicitações de acesso das unidades consumidoras com geração própria renovável, sem restringir ou limitar a injeção de eletricidade nas redes. Já na eventualidade de limitações ou restrições da infraestrutura elétrica, deve ser claramente explicitada a responsabilidade direta das distribuidoras de apresentar estudos técnicos que comprovem estas situações, com todas as informações elétricas pertinentes. Outra prioridade é o cálculo dos benefícios e custos da geração distribuída (GD), pela Aneel, seguindo as diretrizes publicadas pelo Conselho Nacional de Política Energética. Tais diretrizes estão em linha com a determinação da Lei nº 14.300/2022, que estabelece que todos os benefícios da GD sejam corretamente identificados, calculados e incorporados nas análises. Na geração centralizada solar, também há desafios. Uma das prioridades é o chamado constrained-off, ou seja, cortes de geração determinados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), sobre os quais os empreendedores não possuem controle e nem responsabilidade. Recentemente, a Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região determinou a compensação, na forma da lei, sem as restrições inauguradas pela Agência Nacional de Energia Elétrica, dos cortes de geração. A medida marca um passo relevante para restabelecer a segurança jurídica, regulatória e financeira das empresas do setor de renováveis, bem como pode pavimentar investimentos no segmento. A garantia de ressarcimento aos geradores pelos cortes de geração determinará o ritmo do crescimento da energia solar, um motor de transformação econômica, social e ambiental para o Brasil, e fundamental para o cumprimento dos objetivos de transição energética assumidos pelo Brasil em compromissos internacionais. O CEO da Absolar, Rodrigo Sauaia, alerta que o ano de 2025 será cheio de desafios, por conta do cenário macroeconômico desfavorável, da desvalorização do real e da tendência de alta do juros. “Mesmo diante destas turbulências, o setor solar fotovoltaico brasileiro segue comprometido com a transição energética sustentável do Brasil. O crescimento da energia solar fortalece a sustentabilidade, alivia o orçamento das famílias e amplia a competitividade dos setores produtivos brasileiros, fatores cruciais para alavancar a economia nacional e para o atingimento dos compromissos ambientais do País”, diz. “Na prática, o avanço da energia solar se traduz em geração de emprego e renda, atração de investimentos, diversificação da matriz elétrica e benefícios sistêmicos para todos os cidadãos. O Brasil possui um dos melhores recursos solares do planeta e, com boas políticas públicas, pode assumir cada vez mais protagonismo neste processo de transição energética e combate ao aquecimento global”, explica, Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da Absolar.
Décio Lima, presidente do Sebrae: “Sou fã dos pequenos negócios. E você?”
Texto do presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima: Os pequenos negócios ultrapassam até mesmo as previsões econômicas mais otimistas. Somente no acumulado deste ano, eles já respondem por 63% dos empregos criados no país. São pessoas como essas, que se viram o ano inteiro e garantem o próprio sustento, que contribuem para elevar nosso Produto Interno Bruto (PIB) a 3% em 2024. São esses empreendedores que produzem renda e fazem a nossa economia girar. Mas eles são muito mais do que números! Nós, do Sebrae, temos a missão de impulsionar e dar suporte às micro e pequenas empresas, que representam 95% dos CNPJs do país. Queremos mostrar que os pequenos negócios são tão importantes para as pessoas como são para a melhora da economia do Brasil. Eles são nossos vizinhos, que muitas vezes se tornam amigos e parte do nosso dia a dia. Eles são o dono da padaria, o eletricista, a dona do salão ou da pousada. Mesmo sem nos darmos conta, esses empreendedores dão vida e movimentam bairros e cidades com seus estabelecimentos, gerando arrecadação de impostos, o que possibilita a oferta de serviços públicos à população. Esse universo representa 95% das empresas brasileiras. Os imprescindíveis nunca desistem, sonham e acordam cedo em busca da realização. “Ter o próprio negócio” é o segundo sonho mais comum entre os brasileiros (59,9%), sendo superado apenas pelo de “viajar pelo Brasil” (60,6%) (GEM/2022). Sem fantasias ou roupa de gala, o empreendedorismo exige esforço e trabalho duro. Expressões como “matar um leão por dia” se adaptam bem aos que decidem iniciar o próprio negócio. E mesmo na adversidade e nas crises ou dificuldades econômicas, são essas empresas que mais contratam. Em cenários positivos, como o que estamos vivendo agora, quando o governo do presidente Lula e do Geraldo Alckmin apresenta uma projeção de crescimento, esses negócios evidenciam ainda mais o papel central que exercem no cenário de desenvolvimento do país. Seja pela importância econômica ou pelo aspecto humano, são reconhecidamente imprescindíveis para o desenvolvimento do nosso país. É com foco na valorização desses negócios tão importantes para a vizinhança que o Sebrae retoma a campanha “Compre do Pequeno”, lançada em 2015 e que, agora, traz como mote “Quem compra do pequeno negócio vira fã”. Assim como um fã, como cidadão e agora, presidente do Sebrae, a minha expectativa é que esses negócios continuem gerando emprego, inclusão e renda. Muitas vezes, na base do simples “boca a boca”, da certeza da prestação de um serviço de excelência, essas empresas se consolidam rapidamente, o proprietário ganha fama e é reconhecido, transformando o negócio em sobrenome. Quem nunca conheceu a “lojinha do seu João” ou o “mercadinho da dona Teresa”? Por isso, queremos ouvir histórias e agradecer, dando nome e visibilidade a quem faz acontecer na sua rua, no seu bairro, na sua cidade. Não faltam motivos para sermos fãs das micro e pequenas empresas distribuídas pelo nosso país. Sem falar nos motivos para indicarmos esses empreendedores – que frequentemente conhecem e atendem famílias inteiras, às vezes por mais de uma geração – e gerarmos uma poderosa corrente do bem. Contamos com o engajamento de todos em prol da inclusão produtiva e afetiva das micro e pequenas empresas do Brasil. Eu compro do pequeno. E você? Eu sou fã do pequeno. E você?
Artigo: “O que você plantou para colher em 2025?”
Texto de Everaldo de Deus (foto acima), psicanalista clínico, pedagogo mestre em Educação e especialista em Neuropsicopedagogia. Também é poeta e escritor, e assina o livro de reflexões Banquete das Ideias A cada início de ano abre-se um novo ciclo, trazendo perspectivas de mudanças que começam a ser rascunhadas dia a dia, com contagem regressiva. É a partir disso que te convido a refletir: nada existe sem a marca do tempo, é ele quem nos permite a grande jornada. Entretanto, é comum as pessoas desejarem momentos de felicidade e realizações pessoais ou coletivas ao ano vindouro. E esse desejo é apenas um ponto de partida! As festas de confraternizações não estão ligadas somente a esta mudança de ciclo, elas são, também, pulsões inconscientes se expressando em desejos de melhorias no novo ciclo. Assim, o homem marcha tecendo seus projetos e sonhos no tapete existencial. É curioso pensar que cada passo que perde contato com o chão vira passado, e em cada passado deixamos algumas pegadas de nossa história – e que muitas vezes resistem ao tempo. Aí está a grande magia da existência, a resistência sobre as dificuldades encontradas no caminho. Muitos superam, mas outros levam sempre a mesma narrativa para se iludirem com os mesmos dramas e suas consequências, projetando-a ao “novo ano” … Já parou para notar que o passado pode se repetir com a mesma intensidade de uma novidade? Diante dessa perspectiva, é relevante questionarmos: o que nos aguardará em um ano que inicia? Talvez essa seja umas das perguntas mais intrigantes que sempre ecoa quando se fala em previsões. Porém, fazendo uma analogia sobre a Lei de “causa e efeito”, poderemos ter uma pálida ideia que vislumbra um “novo cenário”. Tudo o que virá de novo está relacionado às nossas atitudes na vida prática, sejam elas positivas ou negativas, trazendo sempre suas consequências. Somos responsáveis por tudo aquilo que criamos e damos vida. Muitas vezes sofremos por não encontrarmos uma fórmula que aniquile a consequência de uma ação adoecida, por exemplo. Destarte, vivamos com intensidade a cada oportunidade que o universo nos permita. Pratiquemos ações que façam as pessoas não só terem um simples contato conosco, mas que saiam desse encontro pessoas melhores. Dessa forma, poderemos ser mais úteis ao propósito do universo e adquirir algum “capital para trocar”, com a fórmula que irá destruir a consequência de uma ação doentia que porventura possa existir, para usufruirmos por alguns momentos da vida em sua plenitude. Que o ano de 2025 nos transborde de desejos e nos enxarque de realizações, que possamos acumular muito capital imaterial para a grande jornada por vir.
The Intercept: “Rede Globo: lucro acima de tudo”
Do site The Intercept BR, em campanha para arrecadar fundos: A rede Globo embolsou R$7 BILHÕES em receita nos primeiros seis meses deste ano? Viu que ela teve um aumento de 127% nos lucros bilionários? A Globo e seus afins arrecadam em meses o que o Intercept captaria em um milênio. A grande mídia existe para ganhar dinheiro. Ponto. Ela reinveste os subsídios do governo para exercer controle político em defesa dos interesses financeiros dos donos e seus amigos. E, como parte disso, para te vender refri, plástico e o sonho de ser um deles “se você trabalhar enquanto os outros dormem”. Neste cenário, você sabe que “pautas inconvenientes” são discretamente engavetadas com uma ligação da chefia e a linha editorial sobre a economia é decidida não pelos fatos, mas pelas negociatas do setor comercial da empresa. A economia está crescendo, o desemprego e pobreza caindo e o prestígio internacional voltando. Mas, mesmo assim, a mídia segue enxergando esses dados positivos com as lentes embaçadas do mundo paralelo da Faria Lima. Enquanto isso, defende os setores e as práticas que estão literalmente nos matando. No Intercept, nós investigamos os interesses ocultos da rede Globo e dos seus amigos patrocinadores. E fazemos igual com o resto da grande mídia também. Eles ODEIAM que fazemos isso e tentam nos boicotar. Mas não adianta, temos uma comunidade de apoiadores que lê, espalha e financia esse trabalho. Esta é a reta final de nossa importantíssima campanha de arrecadação. Com meras horas para agir, seguimos muito longe da meta. Você nos ajudará a enfrentar a grande mídia e seus aliados? Doe R$ 25 hoje mesmo. DOE AGORA → A grande mídia é controlada pelas famílias que apoiaram o golpe de 64, a Lava Jato, o crescimento do Bolsonaro, e ainda passam pano para os milicos e a Faria Lima. Enquanto estiver assim, o público terá que se juntar para sustentar uma mídia independente e corajosa ou vamos ser engolidos por eles. É por isso que o Intercept precisa existir! Vamos defender o que é certo, não o que é lucrativo. O Intercept é financiado pelos leitores – você –, não por grandes empresas ou pelo governo. Então, dependemos da nossa campanha de fim do ano para captar o que precisamos para seguir na resistência em 2025. Só temos até amanhã à meia-noite para arrecadar os R$ 150.000 que faltam para atingir nossa meta. Podemos contar com você por R$ 25 nestas últimas horas?
Opinião: “O passaporte da extrema direita”
Artigo do jornalista Paulo Motoryn (foto acima), do site The Intercept: 2024 foi o ano em que a extrema direita brasileira se reconectou com o mundo. O isolamento internacional que impediu um golpe de estado liderado por Jair Bolsonaro, no final de 2022, já não existe mais – e isso não se deve apenas à eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, ou ao primeiro ano do mandato de Javier Milei, na Argentina. Mesmo acuado pelos indiciamentos determinadosa pela Polícia Federal, o bolsonarismo não perdeu fôlego. Pelo contrário: se fortaleceu, encontrou novos aliados fora do país e reafirmou seu caráter transnacional. Enquanto isso, nas eleições municipais, viu a esquerda sofrer uma derrota histórica e abriu caminhos e palanques para tentar retomar o poder em 2026. Em fevereiro, é verdade, o cenário ainda era outro. Naquele mês, uma operação da PF apreendeu o passaporte de Bolsonaro. Em março, veio o primeiro indiciamento, em função da fraude no cartão de vacinação. Dias depois, uma reportagem em que colaborei revelou imagens do ex-presidente escondido na Embaixada da Hungria. Mas, no início do segundo trimestre, a folia de quem acreditava no bordão “sem anistia” foi diminuindo. Para não melindrar as Forças Armadas, qualquer menção, homenagem ou evento do governo federal ao aniversário de 60 anos do golpe de 1964 foi cancelada, por determinação expressa do presidente Lula. Preferia que fosse mentira, mas não é: em 1º de abril, contei aqui no Intercept Brasil que o cancelamento das solenidades sobre o golpe militar foi tão atabalhoado que fez o governo perder dinheiro. Sim, o Ministério dos Direitos Humanos já tinha alocado R$ 200 mil para celebrar a data – até que Lula ordenasse o silêncio como política. Naquele mesmo abril, outro fato que parece irreal: o bilionário Elon Musk resolveu dedicar dias inteiros a atacar ferozmente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Para tal, contou com a publicação dos Twitter Files e de decisões sigilosas do STF por um comitê da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. Isso fez com que eu publicasse outras duas reportagens: uma delas, revelando que um dos perfis supostamente censurados pelo STF se chamava Era Fascista – ou seja, que deputados do Brasil e dos EUA estavam defendendo esse tipo de gente; a outra foi que os tais censurados já tinham voltado às redes e cresciam surfando no discurso da censura. Vale dizer que o tal ataque à liberdade de expressão no Brasil não foi só bandeira do X, o ex-Twitter, de Elon Musk. Outras grandes empresas de tecnologia, as big techs, como a Meta e o Google, amplificaram a tese de perseguição política e fortaleceram as bases digitais do bolsonarismo contra qualquer tipo de regulação das redes sociais. Na Argentina, o primeiro ano de mandato de Javier Milei também simbolizou um novo fôlego para a direita radical e a extrema direita brasileira. O exemplo argentino se somou ao de Viktor Orbán, na Hungria, e Nayib Bukele, em El Salvador, como inspiração para o bolsonarismo – que também conta os dias para a posse de Trump. A ascensão dessas figuras no cenário global também assanhou e deu nova força a outros atores, como o Movimento Brasil Livre, o MBL, e a produtora Brasil Paralelo. Esses dois grupos, por sinal, tiveram um grande ano – manchado por algumas reportagens nossas, é verdade. O movimento de Kataguiri e Mamãe Falei mandou militantes para visitar El Salvador e se aproxima de criar um partido – mas, como revelamos em uma reportagem, usam métodos questionáveis para chegar lá. Já a produtora é alvo de ação no Ministério Público Federal por nossa causa: expusemos seu perigoso plano de espalhar negacionismo nas escolas brasileiras. Outro marco nesse circuito foi a participação de Jordan Peterson, psicólogo canadense, em um evento da Brasil Paralelo com a presença de Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank. O caso deu repercussão nacional a uma investigação que publiquei dias antes: o banco acobertou um ex-funcionário que, hoje, é diretor da Brasil Paralelo. Em agosto, outra história nos alçou ao debate sobre a transnacionalidade da extrema direita: nas Olimpíadas de Paris, revelei aqui no Intercept que um funcionário da transmissão oficial repetia sinais associados à alt-right. Por lá, o caso levou à demissão sumária. Por aqui, um assessor de Bolsonaro demorou mais de três anos para ser condenado. Por incrível que pareça, a eleição municipal também nos fez sair do Brasil. A reportagem que fiz em parceria com o jornalista angolano Cláudio Silva desmascarou a farsa das “300 casas construídas” pelo coach Pablo Marçal na África e, mais que isso, revelou os controversos planos da Igreja Lagoinha, da família Valadão, no continente. Como argumentam os pesquisadores David Magalhães e Odilon Caldeira Neto neste interessante artigo, as conexões globais da direita radical e da extrema direita não são novidade no Brasil. Desde o integralismo no século 20, grupos formados por brasileiros desenvolveram redes com movimentos fascistas europeus, como o corporativismo italiano. Mais recentemente, o bolsonarismo tem colocado grande peso em organizações e eventos como o Foro de Madrid e a CPAC. Isso, é claro, tem um custo financeiro. Temos algumas pistas de onde sai o dinheiro. Em maio, por exemplo, publiquei essa reportagem revelando que o fundo partidário do PL estava sendo usado para remunerar um dos organizadores da versão brasileira do CPAC. Portanto, que fique claro, essa aliança internacional não começou em 2024 — e ainda precisa ser devidamente investigada. Mas, sim, podemos dizer que o ano em que Bolsonaro teve o seu passaporte apreendido foi exatamente o mesmo em que a extrema direita brasileira tirou um passaporte novinho – e vai usá-lo como panfleto de campanha daqui até 2026.
Dragão do Mar expõe até sexta, 3.1, obra e história de Mino Castelo Branco, o principal nome do cartum cearense
O Museu da Cultura Cearense, no Centro Dragão do Mar, segue até sexta-feira próxima (3 de janeiro) com a exposição “Mino por Inteiro” em cartaz, que homenageia o virtuoso multiartista cearense, reunindo um universo de suas produções entre imagens e palavras. Aberta desde o dia 7 de setembro já soma quase 10.000 visitantes. “Mino por Inteiro” pode ser acessada diariamente, exceto entre 30 de dezembro e 1º de janeiro, em virtude do Ano Novo. As visitações podem ser feitas das 9h às 18h durante a semana e das 13h às 18h aos finais de semana, com última entrada sempre às 17h30. A ocupação apresenta o cativante arranjo de linguagens integradas pela genialidade de Hermínio Macêdo Castelo Branco, popularmente conhecido como Mino, seu apelido de infância, que chega aos 80 anos se permitindo explorar o que o atrai no mundo das artes visuais e da palavra. O percurso mostra a rica e diversificada produção dele que se consagrou como premiado cartunista, mas que também é desenhista, artista plástico, programador visual, projetista gráfico, poeta, livre pensador, autor de histórias, fábulas e contos infantis, ilustrador e publicitário. Um mestre na arte de transitar entre linguagens e estilos, e, a partir de seus trabalhos, despertar o público para questões de cunho filosófico, humanístico, espiritual e cômico. A primorosa curadoria de trabalhos que exaltam a versatilidade de Mino é assinada por Flávio Paiva e conta com coordenação de acervo e digitalização de Régis Alcântara e expografia de André Scarlazzari, Patrícia Passos e equipe. Realização da J.Macêdo, a mostra integra a programação comemorativa aos 85 anos da empresa. De acordo com Amarílio Macêdo, filho do fundador e CEO da holding do Grupo J.Macêdo, a iniciativa reflete o compromisso com a valorização da cultura brasileira e é também um gesto de gratidão e reconhecimento ao legado desse virtuoso cearense. Sobre a mostra A exposição ocupa duas salas no Museu da Cultura Cearense. A primeira, com cartuns, desenhos, poemas e outros elementos de predominância do preto no branco, representa uma produção mais voltada para a consciência das questões sociais e suas complexidades, enquanto exímio observador e intérprete do cotidiano. São expostas imagens de murais que abordam o tema dos movimentos sociais, das manifestações cidadãs e das decisões políticas. Entre elas, uma réplica do mural Terra da Luz, pintado por Mino em uma parede de grande destaque no Aeroporto Internacional Pinto Martins. Já a segunda é repleta de cores, pinturas, memórias culinárias e voos do Capitão Rapadura, super-heroi cearense criado por Mino que ocupa lugares de destaque com sua camisa amarela, calção azul, sapatos e chapéu de couro. Além de intervenções e tirinhas do característico personagem, a sala também recebe pinturas dos principais momentos festivos da culinária brasileira, representada em telas da Cozinha Dona Benta, e a participação criativa de Mino na propaganda, com logomarcas, anúncios de humor e alegorias natalinas. Acessibilidade e inclusão Para ampliar o acesso e a inclusão de diferentes públicos, o Museu da Cultura Cearense, por meio do Projeto Acesso, adicionou recursos de acessibilidade sensorial à exposição, como audiodescrição, braille e letras ampliadas, vídeo e intérprete de Libras. A mostra também dispõe de maquete e desenhos táteis. Sobre o MCC O Museu da Cultura Cearense é um dos museus do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura que compõem a Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará gerida pelo Instituto Dragão do Mar.
Por que a gestão financeira ainda é um desafio para micro, pequenas e médias empresas no Brasil?
Artigo de Cássio Menezes, gestor de vendas na H&CO Brasil: De acordo com o Ministério da Economia, as MPMEs (Micro, Pequenas e Médias Empresas) representam 99% dos negócios do país. Além disso, a participação desse nicho na economia nacional é de extrema relevância. Segundo dados do Sebrae, o volume corresponde a 30% do PIB brasileiro. Apesar dessa ampla representatividade, muitas dessas organizações ainda enfrentam grandes desafios, sendo a gestão financeira um dos principais. A pesquisa “Cabeça de Dono”, feita pelo Itaú Empresas em parceria com o Instituto Locomotiva, apontou que nove a cada dez líderes de PMEs têm dificuldade em estabelecer a gestão financeira no seu negócio. Em dados práticos, 98% dos entrevistados são responsáveis pela tomada de decisão de, pelo menos, cinco áreas, e 96% executam tarefas de quatro áreas. Esse cenário é comum para muitas empresas que começam pequenas. Geralmente, a alta gestão acumula várias responsabilidades, o que cria uma sobrecarga significativa. Ao longo do tempo, essa prática impacta diretamente o negócio, pois dificulta o controle e o monitoramento das informações necessárias para compreender a situação financeira da organização. Infelizmente, essa realidade contribui para a criação de uma série de entraves diários, como dificuldade em analisar o fluxo de caixa, falta de mão de obra especializada, ausência de uma visão clara do negócio, entre outros problemas que acabam se acumulando. Quando falamos sobre a importância da gestão financeira, vale destacar que essa prática não se limita a saber se a empresa está ganhando ou perdendo dinheiro. Trata-se de estabelecer um controle eficiente por meio do acesso a informações estruturadas, o que permite tomadas de decisão baseadas em dados concretos, reduzindo os riscos de erros. Certamente, manter esse controle não é uma tarefa fácil. Diariamente, as empresas geram uma grande quantidade de informações, enquanto precisam lidar com a complexidade de normas e regulações brasileiras. Por isso, buscar aliados para implementar um controle mais eficiente é fundamental, e a tecnologia é uma grande parceira nessa missão. Apesar disso, muitos empresários ainda têm receio de adotar tecnologia, com desculpas como “é caro demais” ou “não é pra minha empresa”. Porém, essa mentalidade pode custar um alto preço. Afinal, a tecnologia não é só uma despesa, mas um investimento que melhora processos, reduz riscos e prepara a empresa para crescer. Uma das soluções mais eficazes é o uso de um ERP (Enterprise Resource Planning). O software ajuda a centralizar as informações de todas as áreas do negócio, incluindo a financeira, identificando gargalos e oportunidades de melhoria. No entanto, é importante escolher o sistema correto, levando em conta a experiência, reputação e casos de sucesso da solução no mercado. Além disso, o ERP deve ser capaz de integrar novos recursos tecnológicos que surgem constantemente. Isso garante que a empresa se mantenha atualizada e eficiente, independentemente do momento que esteja vivendo. Com o início de um novo ano, as PMEs têm uma oportunidade valiosa de se fortalecerem. Aproveite esse período para organizar a casa: revise o fluxo de caixa, analise os gargalos e defina prioridades. Esse mapeamento é o primeiro passo para uma gestão financeira mais eficiente. O sucesso financeiro também exige conscientização. Cuidar dos processos internos é essencial para garantir resultados consistentes e sustentar o crescimento do negócio. A tecnologia é um elemento indispensável nesse caminho, mas, antes de adotá-la, é fundamental estruturar bem as bases. Afinal, para cruzar a linha de chegada, é preciso dar o primeiro passo.
PF aponta deputado cearense Júnior Mano como manipulador de votos em 51 municípios e de desvio de emendas parlamentares
Investigação da Polícia Federal indica o deputado federal cearense Júnior Mano (PSB, foto acima) como participante com “papel central” em crime de manipulação de eleições municipais em 51 cidades no Ceará por meio de compra de votos. A PF também apurou a ação dele em desvios de recursos de emendas parlamentares, mostram documentos obtidos pelo UOL. Mano nega as acusações. Confira abaixo informações publicadas neste domingo pelo portal de notícias UOL: A PF conclui a investigação de um inquérito em relação às operações “Mercato Clausu” e “Vis Occulta” no dia 18 de dezembro. Inicialmente, a corporação apontou que um amigo do parlamentar —o prefeito eleito de Choró (CE), a 180 km de Fortaleza, Carlos Aberto Queiroz Pereira (PSB), o Bebeto do Choró ou Bebeto Queiroz— seria o líder uma organização criminosa de compra de votos e lavagem de dinheiro a partir de contratos de prefeituras do estado com empresas de fachada. “A autoridade policial apresentou relatório indicando também a participação do deputado federal Junior Mano (…), o qual exercia papel central na manipulação dos pleitos eleitorais, tanto por meio da compra de votos, quanto pelo direcionamento de recursos públicos desviados de empresas controladas pelo grupo criminoso”, escreveu Flávio Vinícius Bastos, juiz da 3ª Zona Eleitoral de Fortaleza. “Ademais, apontou indícios de que o deputado estaria diretamente envolvido no desvio de recursos oriundos de emendas parlamentares, utilizados para alimentar o esquema e consolidar sua base de apoio político”, continuou o juiz em decisão de 19 de dezembro. Júnior Mano disse à reportagem que “é vítima do uso indevido de seu nome e confia plenamente nos poderes constituídos para o reconhecimento de sua total inocência”. Levantamento do UOL mostra que quase a metade (45%) das emendas individuais do deputado, entre 2021 e 2024, foi na modalidade de transferências especiais, chamada de “emenda Pix”, quando não há necessidade de apresentação de um plano de trabalho prévio. Foram R$ 47 milhões dessa maneira, num total de R$ 104 milhões em emendas, de acordo com o Sistema Integrado de Orçamento e Planejamento (Siop). (…)