Lula inaugura rede de saúde para atender 30 milhões de mulheres

O presidente Lula inaugurou ontem, quinta-feira (12.9), a Rede Alyne de cuidado integral a gestantes, parturientes, puérperas e bebês, no município de Belford Roxo, Rio de Janeiro. A iniciativa tem por objetivo estabelecer um modelo humanizado, levando em consideração as desigualdades étnico-sociais e regionais. Nessa primeira etapa da Rede Alyne, o governo federal investiu R$ 4,85 bilhões para atender 30 milhões de mulheres.

A Rede Alyne homenageia Alyne da Silva Pimentel Teixeira, jovem negra que morreu em 2002, grávida de seis meses, resultado de negligência durante o atendimento pré-natal. Ela tinha 28 anos e era moradora da Baixada Fluminense. A Rede Alyne integra as políticas do governo federal em prol da saúde e está em sintonia com os compromissos assumidos pelo Brasil junto à Organização das Nações Unidas (ONU). A meta é mitigar o número de mortes de parturientes ao nível de 30 por 100 mil nascidos vivos até 2030.

“É importante que, a gente que é homem, saiba: nós sabemos fabricar um filho. Mas, muitas vezes, a gente não tem sensibilidade de saber o que a mulher sofre da gravidez até o parto, o risco que elas correm. Nós queremos criar um programa para que as mulheres sejam atendidas com decência, para que ela possa fazer todos os exames necessários. Para que a mulher possa fazer todas as fotografias que ela quiser fazer do útero, para ver como é que está a criança”, explicou Lula.

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O presidente se emocionou ao relatar as mortes de seu primeiro filho e de sua primeira esposa, em condições semelhantes às da jovem Alyne. “Quando eu casei, em 1969, que nasceu meu primeiro filho, eu fui no domingo buscar minha mulher no hospital. E eu levei uma roupinha cor de rosa e uma roupinha azul, porque, naquele tempo, a gente não sabia, a gente ficava tentando adivinhar e ouvindo conversa dos mais velhos […] cheguei no hospital, encontrei minha mulher morta e meu filho morto”, contou.

“Eu tenho certeza absoluta que foi relaxamento, que foi falta de trato, porque as pessoas pobres, muitas vezes, são tratadas como se fossem pessoas de segunda categoria. E, se é pobre e mulher negra, é tratada como se fosse de terceira categoria. E nós precisamos tratar todas as pessoas com respeito, com carinho, com amor”, prosseguiu o presidente.

Violência contra as mulheres

Lula reiterou o compromisso do governo federal com o enfrentamento à violência contra as mulheres. O presidente argumentou que os programas do governo federal buscam, sempre que podem, beneficiar mulheres que são chefes de suas respectivas famílias. O petista defendeu ainda a implementação de “uma política muito severa” que coíba as agressões por parte dos homens.

“A mulher não pode ser vítima de um cara que não tem escrúpulo. Se o cara quer beber para ficar violento com a mulher, ele que beba e dê cabeçada na parede do bar que ele bebeu. Mas não vá para casa para ofender sua companheira, para agredir sua companheira”, criticou.

O presidente também elogiou a dedicação da ministra da Saúde, Nísia Trindade, no cuidado com as mulheres brasileiras. “Por isso, eu quero parabenizar a minha querida ministra Nísia, da Saúde, que está aperfeiçoando o tratamento das mulheres desse país”, exaltou.

Saúde das mulheres

Emocionada, Nísia se referiu à inauguração da Rede Alyne como um “momento histórico”. A ministra falou do trabalho da pasta e do foco na saúde das mulheres: “A nossa agenda é uma agenda da saúde, é uma agenda da política para mulheres, é uma agenda de direito humano.”

Nísia homenageou Alice Pimentel, filha de Alyne, que esteve presente à inauguração da rede de saúde que leva o nome de sua mãe. “Alice, muito obrigada por estar aqui conosco e compartilhar essa história, como uma história de uma política para que não haja mais casos Alyne no Brasil”, enfatizou a ministra, antes de esclarecer que a Rede Alyne foi concebida durante o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), sob o nome Rede Cegonha, à época.

“O que estamos fazendo hoje é uma revisão dessa rede para que ela possa enfrentar, de maneira correta, o grande drama da mortalidade materna, que aumentou com a pandemia de covid-19, mas aumentou com o desgoverno que o Brasil viveu.”

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